De 2012 a 2018, o município de Passo Fundo registrou um impacto previdenciário superior a R$ 29 milhões com acidentes em ambientes de trabalho. Por ano, isso representa uma cifra de R$1,8 milhão gerados com afastamentos laborais decorrentes, sobretudo, de cortes, lacerações, contusões e fraturas.
Os dados pertencem ao Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, mantido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). O órgão judicial revelou, ainda, que 1.285 trabalhadores sofreram algum tipo de acidente trabalhista, apenas no ano passado, no município. “Preocupa porque não é bom para ninguém um acidente de trabalho. Se torna ruim para o empregador, para o empregado e para a sociedade”, alerta a coordenadora do Balcão do Trabalhador, professora Maira Tonial.
O projeto de extensão, vinculado à Faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo (FD/UPF), iniciou, em paralelo às instâncias judiciais do trabalho, uma pesquisa de monitoramento desses indicadores para, segundo ela, auxiliar na orientação e prevenção da saúde dos profissionais. “Queremos buscar informações exatas e assertivas sobre a nossa região, para descobrir por que nosso trabalhador está morrendo e por que está adoecendo. Se conseguirmos, teremos uma contribuição muito importante para a sociedade, que é evitar que mais mortes ocorram de forma desnecessária e que mais trabalhadores adoeçam no ambiente laboral, tanto por doenças físicas quanto psíquicas”, destaca Maira, enfatizando que a iniciativa abrange também profissionais da área da saúde e da Segurança do Trabalho. “Acredito que, hoje, o foco justamente é na interrupção desse ciclo vicioso. São muitos acidentes e mortes no trabalho que poderiam ter sido evitados por um detalhe de proteção”, analisa.
Um espaço de orientação
Há cerca de um ano em funcionamento, o Balcão do Trabalhador instrui colaboradores e empregadores sobre as questões legais que permeiam os direitos e deveres de ambas as partes, através da atuação de professores e acadêmicos do curso de Direito. “No caso do empregador, são informações sobre como assinar carteira, como recolher INSS, FGTS. Mas o nosso grande volume é de empregados. Empregados que não receberam seus direitos, empregados que estão em contrato laboral há 10 anos e nunca tiraram férias, empregados que estão trabalhando por menos de um salário mínimo”, conta a coordenadora do Balcão do Trabalhador, Maira Tonial.