Inverno de mudanças radicais na temperatura

Especialistas explicam as frequentes oscilações climáticas registradas na região nos últimos dias e destacam como deve se comportar o tempo em julho e agosto

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Depois de dias quentes, as ruas foram tomadas por casacos, cachecóis e gorros nesta quarta-feira (26). Para os próximos dias, no entanto, a temperatura deve subir outra vezDepois de dias quentes, as ruas foram tomadas por casacos, cachecóis e gorros nesta quarta-feira (26). Para os próximos dias, no entanto, a temperatura deve subir outra vez
Depois de dias quentes, as ruas foram tomadas por casacos, cachecóis e gorros nesta quarta-feira (26). Para os próximos dias, no entanto, a temperatura deve subir outra vez
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A quarta-feira (26) foi de frio intenso em Passo Fundo. Depois de dias quentes, em que as pessoas mantiveram a manga curta e outras peças típicas de verão, as ruas foram tomadas por casacos, cachecóis e gorros. Teve até aqueles que tiraram o pala do armário para conter a queda no termômetro, que chegou a 4° no ínicio da manhã.

 

Entretanto, conforme apontam as previsões meteorológicas, a temperatura deve subir outra vez nos próximos dias. Entre esta sexta-feira e domingo, Passo Fundo deve registrar máximas de até 25° com mínimas na casa dos 14°. Ao avaliar essas oscilações climáticas, o observador meteorológico da Embrapa, Ivegdonei Sampaio, explica que desde 2017 a região não teve o tradicional "veranico de maio", caracterizado por uma onda de calor que predomina durante alguns dias antes da chegada do inverno. Neste ano, entretanto, esse verânico está acontecendo em junho.


- O que ocorre em 2019, é que o verânico de maio se estendeu para junho. Prova disso é o calor que predominou durante os primeiros 21 dias desse mês, ocasião em que a temperatura chegou a 27° em Passo Fundo, algo que deveria ter ocorrido lá no mês de maio. Além disso, estamos tendo o mês de junho mais seco dos últimos 39 anos, com apenas 4 milímetros de chuva registrados nas primeiras três semanas deste mês, quando a média para todo o mês deveria ser de 134 milímetros - explica.
O meteorologista também chama atenção para o fato de que não houve deslocamento de massas de ar de origem polar. O fenômeno é comum em junho e costuma derrubar as temperaturas para em torno de 0° e é responsável pela formação das geadas.


O pesquisador da Embrapa Trigo, de Passo Fundo, Genei Antonio Dalmago, concorda que as temperaturas elevadas registradas nas últimas semanas têm relação com um veranico fora de época e os baixos índices de chuva. Ele acrescenta, ainda, que a ocorrência de um El Niño mais fraco em 2019 impacta diretamente na temperatura da região Sul. Contudo, para ele, não se trata de fenômenos atípicos:


- Todos esses fenômenos estão dentro de uma variabilidade climática esperada para esta época, a exemplo de outros anos em que tivemos um contexto bastante semelhante. É normal termos invernos mais rigorosos e outros de menor intensidade - reitera.


Julho e agosto
Segundo o pesquisador, é possível que este cenário se mantenha no mês de julho, já que o El Niño seguirá enfraquecido e as chuvas tendem a cair com menor incidência em todo o estado. Entretanto, ele não descarta derrubadas extremas nos termômetros:


- Teremos um inverno menos rigoroso, mas isso não significa que não haverão frios intensos e geadas, sobretudo em julho. Aqueles dias típicos de inverno acontecerão e é bom manter o casaco por perto. Já o mês de agosto tende a normalizar a questão das chuvas, que vão acontecer dentro do padrão climatológico, então, também teremos queda nos termômetros - conclui Genei.

 

Precipitação anima o cenário agrícola

O retorno das chuvas à região Norte do Estado, mesmo em baixo índice, tem animado os agricultores que aguardavam melhores condições climáticas para o plantio de culturas de inverno. Coordenador-adjunto da Emater – Regional de Passo Fundo, Dartanhã Vecchi cita o trigo como um dos principais beneficiados pelo clima. De acordo com ele, a baixa umidade no solo, recorrente ao longo das últimas duas semanas, vinha atrasando a fase de plantio. Até o momento, o órgão estima que a área de trigo plantada nas lavouras da região gire em torno de 25%, de um total 52 mil hectares previstos para receber a cultura. A nível estadual, a estimativa é de 55%.

 

Ainda de acordo com Vecchi, a onda de frio que chegou em um “inverno atrasado” fazia-se necessária, também, para evitar a incidência de doenças e pragas na fase de perfilhamento das plantas. Isto porque, em períodos de clima quente e úmido, as culturas são mais propensas a sofrer com esse tipo de problema. “Tivemos um outono bem quente, parecia quase verão. Isso fez com que muitas lavouras de pousio tivessem certa quantidade de inóculos de doenças, algo que teria sido evitado com as baixas temperaturas. Não é um problema grave, mas se o calor persistir começaremos a ter certa preocupação. O que esperamos, agora, é que o frio se estenda pelos próximos dias para que tenhamos uma uniformidade nessa questão”, adianta.

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