OPINIÃO

Teclando

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Bossa sem João
Difícil é falar sobre música diante do desafinado cenário atual. Mau gosto? Não. Falta de acesso às opções culturais. Desde que as concessões de rádio e televisão caíram de paraquedas, parece que acabou o lastro destas autorizações: a difusão cultural. Ora, cultura não é mediocridade. Imediatismo é nivelar por baixo e isso não é uma proposta cultural. Assim, já não se ouve mais Bossa Nova no ar. Pelo menos aqui no Brasil, pois no exterior ela permanece com ares de nova. Mas a Bossa Nova é bem mais velha do que se possa imaginar. O marco seria 1959, porém o estopim do movimento cultural foi a gravação de Chega de Saudades por João Gilberto em 1958. A partir disso estava no dial, onde por muitos anos foi marcante. É um divisor de águas, permitindo uma nova concepção musical. De fato, a nova bossa teve ascendência cultural e comportamental. É a maior influência já exercida na MPB, derrubando preconceitos e impondo um novo modelo. Mas esse estilo diferente também agradou aos ouvidos norte-americanos. Ah, e lá se foram os brasileiros com um violão aos Estados Unidos pelas asas da Varig para mostrar a nossa música. Até porque a arte não tem fronteiras. Sessenta anos se passaram. Foi-se João, outros já tinham ido. Mas a bossa continua nova.

Ossobuco
Osso duro de roer é a falta de ossobuco para uma sopinha. Predileções também são autenticidades, pois bom gosto não tem preço. E muito menos dinheiro que compre. Esfriou e não encontro mais as bandejinhas com osso buco nas prateleiras. Parece que há uma evolução culinária que, na prática, é uma saborosa e saudável volta ao passado. Chega de paparicar modismos rotulados como gastronomia e requintes pouco convencionais. Nada melhor para ditar o que fazer do que a obviedade. Ora, o gostoso é o saboroso. E sabor não é propiciado por invenções. O que é bom já é gostoso por natureza. Nos próximos dias vai esquentar e teremos o retorno do ossobuco às prateleiras. Vou congelar e estocar. Até porque esse osso é pau pra toda obra: sopas, molhos...

Baita sábado
Sábado, temperatura entre 4 e 7ºC. Estava frio e não havia vento. Mas veio o sol e deu um brilho àquela tarde. Início de mês, muita gente com dinheiro no bolso e parece que toda a cidade veio para o Centro. No Largo Argeu Santarém, a nossa República dos Coqueiros, observei uma família, literalmente, lagarteando num banco. E não faltou bergamota. Mas a grande agitação foi nas lojas que venderam bem barbaridade. Gente entrouxada, correria nas calçadas, ônibus lotados e trânsito lento na Avenida Brasil. Clima de cidade grande. O movimento que tivemos no último sábado é um argumento incontestável da grandeza de Passo Fundo. Com suas portas abertas, a cidade está ampliando a sua importância no sul do país.

Chatices nas calçadas
Na agitação ficou nítida a obstaculização das calçadas. Na esquina da Brasil com General Netto (antiga Casa Yankee, depois Parole, hoje uma farmácia), estava difícil caminhar entre tapetes com mercadorias e, para complicar ainda mais, instalaram balcões de empresas de telefonia. Sobrou menos de um metro para as pessoas passarem. Ah, tinha um alto-falante muito alto onde o falante promovia eletrodomésticos. Simples detalhes, mas incomodam. É uma barbada para resolver, pois Passo Fundo merece.

Trilha sonora
João Gilberto, de Tom e Vinícius, Chega de Saudade
Use o link ou clique
https://bit.ly/1MZ3Uk0

 

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