OPINIÃO

Toma-lá-dá-cá

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A nação está acostumada a ouvir a expressão toma-lá-dá-cá, que recebe conotação pejorativa nas relações políticas entre governo e parlamento. A liberação de emendas, no momentoso movimento no Congresso Nacional, no entanto, merece apreciação diferente. Não se trata de compra de votos por meio de propina para aprovação da reforma previdenciária. Obviamente é manobra para conduzir o centrão na Câmara Federal a votar com a proposta. É fato, também, que se trata de aceleração na liberação de verbas de emendas tornadas recentemente parte do orçamento impositivo. No total seriam quase seis bilhões destinados às emendas, embora pendentes de manejo orçamentário, com corte de outros recursos. O centrão parece saber como alcançar tais recursos de maneira legal, ainda que não prioritária. A habilidade dos parlamentares é impressionante, pois as verbas em negociação, em grande parte, são destinadas ao setor de saúde pública. Como serão administradas estas destinações, é outro assunto!

Contraposições
A própria oposição, ao posicionar-se contra os termos da reforma previdenciária perdeu tempo em alguns pormenores corporativistas. Deveria ter concentrado força na questão do abismo que revelam as cifras de aposentadorias, especialmente decorrentes de salários muito elevados ou pensões esdrúxulas. O pior, no entanto, ocorreu com o presidente Bolsonaro que insistiu veementemente na preservação de vantagens corporativistas aos policiais. Incrível! No momento em que se apresenta como moralista antolhando um projeto de recuperação nacional, passa a se constituir em ameaça à rigidez das medidas reconhecidas. É imponderável ver o presidente freando uma reforma que apresenta sufoco implacável à maioria mais pobre dos trabalhadores.

Os humanos
A política é mostra de que “vivemos assombrados pelos humanos”! 

Bolha doméstica
A dívida doméstica do brasileiro vem crescendo nos últimos seis meses. Endividamentos sempre existiram, no entanto, alguns fatores produziram efeito de disparada. A situação gritante é o renitente desemprego, secundado pela queda dos níveis salariais. A onda consumista invadiu vorazmente a prudência, projetando padrões fictícios de felicidade ditada pelo marketing nas mídias. O custo de produtos inflados pela modernidade passou a ocupar espaço de status excessivamente ilusórios. Exemplo disso é o carro de passeio, em que as marcas disputam componentes de deslumbrante sofisticação, mas fora da realidade financeira de grande parte dos pretendentes.

Armadilhas
Outras armadilhas mais intensas são oriundas do sistema financeiro. O cartão de crédito é moda, ofertado como solução mágica cotidiana. O mesmo se dá com o limite do cheque especial e aumento automático do limite, e pouco se fala dos juros absurdos e descontrolados que nunca são menores que 300% ao ano. Há o assédio de escritórios que usurpam dados particulares de aposentados ou correntistas e oferecem empréstimos atraentes, ilusórios. O último levantamento revela que 64% das famílias estão endividadas. Tudo isso ocorre num período que há vários anos recomenda arrocho. E isso vai continuar. Só os bancos lucram com essa montanha de dinheiro que circula fora do setor produtivo.

O campo agitado
Não resta dúvida que temos uma vinicultura em pleno florescimento. Produtores, no entanto, estão apreensivos com a isenção de imposto no vinho importado, ao redor de 27%. Nossa produção não tem o incentivo como ocorre na Europa, segundo vinicultores gaúchos. Nosso custo de produção é maior. Por outro lado, a suinocultura terá dias promissores para exportação, com a redução do rebanho chinês. Como se vê as coisas agitam-se no setor primário, nossa fonte real de produção exportadora. Sérgio Turra traz boa notícia para a indústria de carnes que recupera plantas de abate em todos os estados. Muitas delas estavam em recuperação judicial com redução de empregos.

Amorim
Lamentamos a morte do jornalista Paulo Henrique Amorim, aos 77 anos, anunciada pela imprensa brasileira no dia de ontem. Sua capacidade de comunicação sempre foi reconhecida. Ousamos salientar que Amorim foi grande repórter, figura da informação e notícia cada vez mais necessária na busca da verdade dos fatos.

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