Funcionários da Companhia de Desenvolvimento de Passo Fundo (Codepas) reuniram-se em frente à Câmara de Vereadores, na tarde dessa segunda-feira (15), em um ato em defesa do setor de transporte coletivo da empresa. O protesto fazia referência à decisão da Prefeitura de deixar a Codepas fora do novo edital de licitação do transporte público do município. De acordo com os manifestantes, a medida atinge cerca de 150 colaboradores, que correm o risco de perderem seus empregos.
Durante a tarde, os manifestantes participaram ainda da Sessão Plenária da Câmara. Utilizando o espaço da Tribuna Popular, um dos membros da Comissão dos Trabalhadores da Codepas, Arthur Bispo, criticou a decisão do Executivo. Para ele, embora o argumento do prefeito Luciano Azevedo seja de que a deliberação tem como base os anos de prejuízo apresentados pela empresa, a Codepas ainda teria condições de manter seus serviços. “Não é verdade que a Codepas não se sustenta financeiramente. Ela transporta cerca de 300 mil passageiros por mês, mas nos últimos seis anos não houve um planejamento da Prefeitura para recuperar a empresa, houve apenas o sucateamento dela”. Arthur defendeu ainda a importância dos serviços prestados pela Codepas ao longo dos anos. Segundo ele, por muito tempo a empresa atendeu linhas em bairros distantes do centro da cidade, transitando até mesmo por ruas de chão batido, em locais que não seriam de interesse das grandes empresas.
Antes de finalizar seu discurso, Arthur mencionou também a situação de inúmeros colegas que estariam há três dias sem dormir, preocupados com o futuro de seus empregos. “Nossa intenção com o ato foi justamente sensibilizar o prefeito e os vereadores sobre a questão humanitária dessa decisão. É um momento muito difícil, uma situação que envolve a vida de 150 famílias, enquanto o país enfrente altos índices de desemprego”, completou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos Urbanos de Passo Fundo (Sindiurb), Miguel Silva. “São muitos funcionários que trabalham há décadas na companhia. Vamos continuar buscando uma resposta do Poder Público, seja revertendo a decisão ou garantindo o reencaminhamento dos funcionários. Até agora, está tudo muito vago”.
Entre as conversas mantidas entre os participantes do ato, a falta de respostas concretas, mencionada por Miguel, era o fator que predominava. “Na reunião que o prefeito fez com a gente, ele se responsabilizou em realocar os funcionários, mas não disse como, quando ou de que maneira. Falou apenas que um estudo estava sendo feito, não temos nada concreto. O presidente da Codepas [Tadeu Kaczeski] também não nos apresentou nada. Ele disse que não sabia da decisão da prefeitura até então, mas devia saber sim, todos sabem que a empresa está há anos sendo sucateada”, desabafou Nestor Nunes, motorista da companhia há oito anos.
O protesto não afetou o funcionamento da frota da Codepas nessa segunda-feira – participaram do ato apenas funcionários que não estavam em horário de trabalho, além de representantes de organizações sindicais da região.