Em um dos quartos, nos andares superiores do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), o aposentado João Claudio Fiebing aguarda mais uma sessão de hemodiálise, agendada para esta quarta-feira (17), enquanto observa da janela o cotidiano que se desenvolve lá fora. A rotina dele e da família foi alterada quando tinha 15 anos e descobriu ser portador de Diabetes tipo 1. Em 2015, também foi diagnosticado com uma doença renal crônica que o colocou em lista de espera por um transplante de órgão. Uma campanha de arrecadação de fundos, iniciada pela filha no início de julho, porém, busca viabilizar a compra de um aparelho automático de injeção de insulina, produzido em São Paulo ao valor de R$ 16 mil.
“O diabetes foi o fim do mundo”, recorda enquanto se acomoda em uma poltrona. A falta de informações, à época, contribuiu para aumentar o temor em relação à doença, como aponta. “Eu tinha que usar aquelas seringas de vidro, esterelizáveis”, afirma. Entre as aplicações diárias das doses de insulina; desde maio do ano passado, o senhor de 56 anos se desloca três vezes por semana, na companhia da esposa, Ieda Maria Fortes Fiebieng, fazendo a conexão de Passo Fundo com Palmeira das Missões, onde mora, para realizar o procedimento médico. “A dona Ieda é minha 'esposa-pâncreas'”, sorri, referindo-se aos cuidados diários que são necessários para manter a dose de glicose regulada no organismo. “Eu aplico 50 unidades de insulina todas as manhãs”, conta João. “Quando estamos dormindo, às vezes eu coloco a mão nele e sinto que está gelado. Então, corro pra cozinha para trazer algo para ele comer e aumentar a taxa de açúcar”, relata Ieda. Segundo ela, o marido não consegue perceber quando está entrando em um quadro de hipoglicemia. Esse distúrbio de insuficiência de glicose na corrente sanguínea, continua, provoca nele “desmaios” e até convulsões.
Solução interestadual
Tendo que administrar, todos os dias, duas canetas de aplicação de insulina, sendo uma para manter o índice estável e a outra para estabilizar em quadros de hiperglicemia, João pesquisou alternativas de substituição aos métodos tradicionais. Há cerca de 8 meses, encontrou um aparelho, fabricado em São Paulo, que possui um tubinho de insulina mediado por um cateter de 60cm, e preso a um músculo do corpo que injeta no corpo a quantidade necessária de glicose, de acordo com a contagem de carboidratos que o paciente precisa. “Ele é automático e tem conexão com um aplicativo de celular para monitoramento. Quando o índice de glicose está baixo ou muito alto, apita”, descreve a jornalista e filha do aposentado João Claudio Fiebing, Manoella Fortes Fiebing.
Passado o período de teste, onde o aparelho ficou com o pai por cerca de um mês, a família precisou devolvê-lo aos representantes pelo alto valor de custo. Segundo Manoella, ele custa em torno de R$ 16 mil reais. “Nesse total, está incluído o preço do equipamento e dos insumos, como a pilha que não é recarregável e, só uma, custa R$ 200; além da insulina”, revela. Aos 26 anos, ela acompanha o quadro clínico do pai de perto e, para viabilizar a compra dessa bomba de insulina, criou uma campanha virtual de arrecadação de dinheiro na plataforma Vakinha no início do mês de julho. Assim, escrito com a letra K mesmo, o site possibilita angariar fundos para diversas causas. “Nós já conseguimos R$ 2.260,00, mas nossa meta é chegar ao valor total até o final do ano. O aparelho seria um presente de Natal para o meu pai”, indica. “Foi duro pra ele ter que devolver algo que trouxe tanto bem-estar. As pessoas sabem que o pai está doente, mas não sabem a rotina que temos”, desabafa.
Inscrito como “Uma bomba de alegria”, os voluntários podem contribuir com o fundo solidário através da internet, na página vakinha.com.br.