OPINIÃO

Não há milagre no inferno

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Foi o conjunto de interesses políticos e setoriais concentrados no Congresso Nacional que definiu a primeira decisão sobre reforma previdenciária. As dissipações produzidas por Bolsonaro e sua filharada, aliada ao guru do norte empurraram Rodrigo Maia ao protagonismo do debate do Parlamento Nacional. A obrigação de conduzir o processo e a angústia popular geraram fenômeno próprio da democracia que incorporou a pluralidade de tendências representativas em grau de razoável responsabilidade. Os deputados, enfim, cumpriram o dever de aprovar um mínimo de medidas. Se foi esta a melhor reforma possível, resta aguardarmos as consequências futuras. O diagnóstico saiu atrapalhado, mas o remédio (que se sabia amargo), finalmente veio prescrito, formulado por uma avalanche de escolhas eleitorais que preferiram eleger o colegiado mais reacionário que se poderia imaginar. A oposição, sofrendo consequências de uma gestão maculada pelo desequilíbrio, ainda vivencia o torpor do desembarque do poder. A questão da previdência, com a péssima euforia dos privilégios, vem onerando as contas públicas ao longo de vários governos. A necessidade de reforma foi atropelada pelo desastre das corrupções em todos os maiores partidos políticos, seus agentes públicos e o grande capital privado. As coisas chegaram a tal limite que não se poderia exigir ou esperar um milagre do inferno.

 

Estados e municípios
O Senado articula, com indisfarçável influência de Rodrigo Maia, a retomada do prolongamento das normas gerais de aposentadoria aos estados e municípios. As distorções salariais com repercussão nas aposentadorias ganharam gritante diferença nos últimos tempos. Foi o auge da era corporativista. Percebe-se que há urgência e inadiável oportunidade de que isso seja feito agora. O desemprego sangra a sociedade civil, tornando o emprego público a única garantia aparentemente assegurada. Não deveria ser assim. Trabalhador da iniciativa privada está mais pobre.

 

Armadilhas
O governo Temer foi uma passagem de terrível memória. Sem credibilidade, mergulhado num cenário de escalada das denúncias, entre as sombras do Jaburu e malas de dinheiro fantasma, apenas prolongava o sofrimento popular que vicejava no governo PT. Na capital federal até o presidente fugia da investigação da Polícia. Pior impossível. Por isso ainda estamos presos nas armadilhas do marasmo.

 

Fora da caixa
A situação real é de difícil saída. Nada em curto prazo. A premência e falta de criatividade já sinalizou para uma saída, fora da caixa: as privatizações. Vão vender tudo, ou quase tudo.

 

BNDES
A Nova gestão do BNDES anuncia a abertura da “caixa-preta”, que pretende explicar principalmente sobre empréstimos de grande monta, com ou sem garantia. Montezano avisa que vem com tudo. Além disso, o governo quer a retomada dos recursos, para sanear o caixa da União. Vem aí nova versão!

 

O aspecto social
As políticas anunciadas ao sabor dos ditames economistas só têm mostrado um lado da angústia nacional. Hoje só se fala em proteger as empresas. Protegê-las, sim. Mas quem consome, quem produz com o trabalho braçal ou intelectual, quem precisa comer, respirar, beber água, morar ou precisa de saneamento básico? A responsabilidade educacional que deve ser de todos, não pode ser vista como mera promessa de campanha!

 

O embaixador
A vontade do presidente certamente será soberana na nomeação de Eduardo Bolsonaro, o filho que fala inglês, junto ao império americano. E Flávio consegue suspender a investigação sugerida pelo órgão que tem a finalidade de suscitar esclarecimentos. Afinal, Toffoli consolida o efeito do pacto de colaboração entre os três poderes. E não haverá Jacó nem Isaú, ao menos por enquanto. 

 

Retoques:
Trump está ensaiando destruir o capitalismo.
Vemos aumentar assustadoramente o número de farmácias...E fechando livrarias!
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, está substituindo técnicos de núcleos oficiais de conservação por leigos de sua confiança. Estranha ideologia!
Os três poderes do Rio de Janeiro nas mãos do crime organizado. Isso não pode ser!

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