OPINIÃO

Para não esquecer, para sempre lembrar

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Qualquer pessoa jurídica deveria ter como substrato que o seu maior patrimônio é o seu funcionário. De nada adianta ter os melhores recursos tecnológicos se não dispõe da pessoa e de seu toque de humanidade para expressar a “alma” da empresa. Meu olhar sobre a nossa cidade se reporta aos meados de 1970 quando ouvia as propagandas veiculadas dos estabelecimentos marcantes à época. Citarei alguns:Geremias, Kings Cabeleireiros, Salão Nacional, Churrascaria Gaúcha, Oliquerque, Pedro Timm, BuchholzScheibe, Auto Esporte, João Café, Restaurante Maracanã, Bares Oriente e Oásis, Gageiro, Cantina Napoli, Dabrisa, Grazziotin, A Moda, Edu Ele&Ela Modas, Casa Jandir, Boutique Decor...Estabelecimentos com a marcante atuação de seus proprietários e funcionários.
Tinha, mais do que empresas, as pessoas que impactavam: Meirelles, irmãos Freitag, Argeu, José Ernani, Guaraci...Santarém, Machado, irmãos Pontes, Bebeto, Raul e Roberto...Celso Fiori, os irmãos Ghellen, Brasil Chedid, Catarino...Armando Espanhol, ArcildoLeidens,Vavo... Major Edu, Romeu Martinelli, Ivo Biasuz...DrsDonadussi, Madalosso, Rudah, Elton, Sergio Lângaro, Lago, Vasconcelos...Dom Claudio...Czamanski, Tamagnone...Nelson Petry, Elói Rescke, Pasqualotto e tantos notáveis não nominados por irretratável falta dememória, a quem humildemente peço desculpas. Uma cidade é uma cidade, torna-se melhor ou pior pelo naipe das pessoas que ali encontram morada. E aqui é terra de gente boa, como diz Osvaldo.
Os professores Giongo, Fuzzinato, Viuniski, Ceres e Alcides, Sirlei Costamilan, Edson Marini...saudades...E havia um de quem o saudoso Tonico (AntonioCarlos Ancines) fazia referências especiais...Padre Eli Benincá, irmão de meu colega de aula Ereni. Padre Eli...Padre Lee? Como seria seu nome correto? Não o conhecia pessoalmente.
Em 1972, quando completei 15 anos, recebi das mãos de meu amigo Marco Mattos, cuja amizade a sabedoria da vida me fez preservar, um presente simples, mas de extrema importância: a inscrição para um curso de teologia ministrado no salão nos fundos da catedral nas noites de sexta...e era ministrado pelo Padre Eli. Tinha gente graúda frequentando o curso e ali estava o homemculto, olhar de mansidão, de doces sorrisos, provavelmente característica de pessoas altamente intelectualizadas. Ali estava o homem nascido em Severiano de Almeida, graduado em Filosofia, mestrado em Ciências da Religião e doutor em Educação, sacerdote, escritor, pesquisador; tantos títulos, tanto alcance pessoal, mas infinitamente doce e calmo, doutor em tudo, principalmente em humanidade. Ali estava Padre Eli, o imortal e eu, garoto de 15, doutor em nada, com tudo a aprender. Curso ou tietagem? Nem sei, nem lembro mais.
47 anos após, encontro-o hospitalizado convalescendo de intempéries da idade, embora ainda pareça extremamente jovem. Luta pela vida e a vida luta por ele, como todos nós. Às vezes atento, outras vezes não. Pena, gostaria de lhe dizer três coisas: saúde, que continuo seu admirador e agradecer por mostrar de maneira tão suave que os mistérios da vida e de relacionamentos pessoais são infindáveis.
Padre Eli me ensinou muito, como a todos. Ensinou-me a me comportar de tal maneira que eu nunca necessitasse desviar meus olhos de quem quer que fosse ao cruzar os corredores da vida. Coisas que são para não esquecer, para sempre lembrar. E, isso é muito. Obrigado, velhinho.

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