Imaginei por algum tempo que as coisas do mundo mudavam a cada 10 anos. Como nasci em 1957 (era pré-Beatles-Elvis Presley-Roberto Carlos), o mundo era outro em 1967 com Jimmy-Janis-Lou Reed. Mas, o cronômetro dos tempos é acelerado e estamos conectados (vigiados) e nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia...tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo, escreveu Nelson Motta, coberto de razão...nada será como antes.
Netflix, filme antigo com Steve McQueen; lembrei de Lee Marvin, Charlton Heston, Gene Hackmann, Robert Redford, Dustin Hoffmann, Paul Newman, Sean Connery que interpretavam personagens fortes, marcantes. Havia impacto socioeducativo e frases da cultura norteamericana protestante como “meu filho não mente”, por exemplo; confiava-se na família e nos ensinamentos sedimentados. Havia a reverência de tirar o chapéu ou levantar-se da mesa à chegada de uma dama, que é como chamávamos as mulheres da sociedade. Ao The End a gente levava algo bom para a vida. De repente Hollywood abraçou o entretenimento tão somente; o sujeito pagava o ingresso e passava duas horas no divertimento e para esquecer da vida. Cinema de arte? Filme cult? Isso era para Godard, David Lean, Fellini, Ingmar, Buñuel. Quem iria ao cinema para fazer terapia? O negócio agora era assaltos, assassinatos, traições, perseguições em alta velocidade e sexo...muita putaria.
Hoje a gente vive o computador-celular, a gente vive à distância, tão longe e tão perto. Já nem se dança mais agarradinho. Os cursos universitários clamam por ensino à distância, assim como relacionamentos à distância. Imagine a medicina que é uma ciência humana. Ciência à distância (aulas, por exemplo) tudo bem. Mas, a parte humana, sem o contato pessoal. Será que evoluímos nesse aspecto. Será que a perda das reverências pessoais, será que filmes tão iguais e que nada acrescentam representa evolução? É para a gente pensar...pensar, sim...que é o que fazíamos antigamente. José Mauro de Vasconcelos apresentou um garoto que, à falta de um mundo melhor, desabafava com o seu pé de laranja-lima. A gente está assim, à distância porque é provável que ao vivo não seja tão interessante. Nada melhor para o mundo atual que um mundo virtual.
Bem...mudando de assunto, na última sexta, alguns velhinhos e outros nem tanto se reuniram em nome da Banda Marcial do Colégio Marista Conceição para o primeiro encontro dos ex-componentes. Bacana, lá estava o irmão Lauri Gazzoni, antigo diretor e Jorge Ferreira representando a época entre 1966 a 1975. Após eu assumi a bronca até que soçobramos à “evolução”. É salutar que haja encontro em nome dos velhos tempos, alguns de nós já avós, mas com a mesma paixão manifestada nos aplausos aos discursos. Era um tempo em que éramos apenas garotos e garotas do ginásio e científico ou primeiro-segundo grau. Vivíamos a inocência da vida. O encontro mostrou a beleza que pode ser a vida, a beleza que pode ser o homem em confraternizar a despeito das cicatrizes que carregamos ao longo do tempo. A banda ao exibir seus números musicais realizada evoluções, umas eram progressivas (para frente) e outras não. Pensando bem...evolução para trás??? Talvez até exista...é difícil para os da minha geração se adaptar.
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