As colinas verdejantes, matas cerradas e margens do rio que corta a cidade formavam o manto acolhedor que recebia os primeiros colonizadores desta terra. Tropeiros singravam caminhos em solo elevado a 687 metros de altitude. Os ventos velozes deste chão logo levaram a notícia de que aqui surgia um povo trabalhador. E brotou promissora a majestosa Passo Fundo. A natureza acolheu os desbravadores com seu solo fértil e águas generosas. Seu povo, suas lutas, sofrimentos, glórias, a produção, abriram horizontes hospitaleiros que formam o exército do desenvolvimento. Hoje somos mais de 200 mil habitantes. São muitos os valores que tornam esta terra o cenário propício à vida feliz. Na pessoa do prefeito Luciano Azevedo o reconhecimento a todas as lideranças que se dedicaram e prosseguem na conquista de melhorias sociais e culturais de nossa gente do campo e cidade.
Desmatamento
É preciso que algumas bandeiras civilizatórias sejam retomadas com eficiência na preservação das reservas florestais e hídricas do Brasil. Infelizmente os rejeitos éticos ambientais irrompem as barreiras da prudência com alguns prenúncios do novo governo. O ambientalista João Paulo Capobianco, em antevista no programa do Bial com Marina Silva, não conteve sua indignação. O governo atua numa inversão de dados reconhecidos mundialmente para negar o perigo do desmatamento na Amazônia. Não é justa a onda de desprestígio movida pelo governo que assola instituições sérias na vigilância ambiental. Por questão de honestidade é preciso defender a transparência.
Tudo é vaidade
O livro do Eclesiástico traz o pensamento sobre o uso excessivo das riquezas e suas mazelas. A frase lapidar “mataios mataiotes, kay panta mataiotes” (vaidade das vaidades, tudo isso é vaidade), surgida anos ac, era dita pelos pensadores gregos. O movimento gerado pela elite grega prometia uma sociedade igualitária e a felicidade para todos. Só que não! A frustração veio após o cansaço do povo escravizado. Hoje se promete o progresso social com o sacrifício do trabalhador.
Pássaros do amanhecer
A obra Pássaros do Amanhecer, de Jorge Alberto Salton, ilustra a realidade da vida em meio a conflitos existenciais e fáticos. São os passos do personagem invadido pela violência, do mundo e da própria opção. A trama narrada em capítulos dramáticos no primeiro livro “A Noite das Tartarugas” sugeria certa pacificação de ânimo para a história de Crístofe. Ele prosseguiria na vida, imerso nos próprios valores, mas fustigado pela memória, consciência e medos. O autor descreve em diálogos cinzelados o peso e as marcas dos relacionamentos da infância e adolescência. Aí aparece a relevância da convivência que tutelou os elos de bondade, vindos da dedicação dos avós e amigos que ajudaram o personagem. Essa dedicação suplementar familiar e de amizade preponderou forte. Os momentos em que se viu envolvido em violência, mais do que a culpa, recebiam o crivo da virtude, na gratidão e um sentido de justa proteção a amigos indefesos. Na luta entre matar ou morrer, e na vitória, foi possível seguir a guerra interior para vencer também a si mesmo. O contexto literário oferece passagens de lirismo em narrativas consistentes que suavizam a emoção do leitor prestes a fazer juízo precipitado. As letras tocam o manancial das artes tecendo imagens de beleza. Há ligação de tudo com o andar real da vida, inclusive a citação dos traços fabulosos de Isaias Klein ou da generosidade e grandeza na arte de Miriam Postal. O romantismo nos encontros com a amada Marcela torna a vivência do personagem uma similitude fiel ao cotidiano de todos nós, sujeitos às vicissitudes. A advertência opõe-se ao juízo condenatório com base nas aparências. Depreende-se que defender valores custa caro, até mais do que se imagina. Por fim, o vernáculo, versando com leveza e certo ritmo entre as frases. Todas com sentido claro, sem fantasiar as dúvidas. A leitura é atraente e vibrante, cheia de expectativas.