Eloquência entusiástica
Lá por 1970, em Erechim havia um forte clima de hostilidade em relação a Passo Fundo. A discórdia vinha do futebol, por uma rivalidade entre Ypiranga e 14 de Julho. E fechava o pau. Tanto que o meu pai me proibiu de ir aos jogos com times de Passo Fundo. Para garantir a segurança das partidas, um policiamento extra seguia de trem de Passo Fundo para Erechim. A bronca iniciou depois dos comentários inflamados de um já famoso cronista esportivo: Antônio Augusto Meirelles Duarte. Há 43 anos, quando inicie na Rádio Erechim, havia gravações de propagandas em discos de acetato da gravadora do Meirelles. Na mesma época, nos corredores do Direito da UPF conheci pessoalmente o badalado radialista. Em seguida, já atuando na Planalto nos bons tempos do Padre Farina, passei a ouvir muitas histórias sobre o empolgante narrador. Algumas de muito pioneirismo, outras folclóricas. Na sequência, pela Rádio Passo Fundo integrei por vários anos a equipe de esportes sob o comando de Meirelles Duarte. A maioria dos jogos eram narrados pelo Jorge Antônio Gerhardt, com Jarbas Sampaio Corrêa nos comentários enquanto eu atuava como repórter de campo.
Já na primeira partida em que fiz dobradinha com o Meirelles fiquei impressionado pela clareza da narração. Como ele distribuía muitos adjetivos nas transmissões, eu aguardava apenas por empolgação. Mas o Meirelles me surpreendeu pela velocidade com que descrevia tudo em cima do lance. Rapidez e detalhes sem atropelar a última flor do Lácio. Mas imprimia ainda mais velocidade na venda de publicidade. Editou por muitos anos o Agro Jornal, publicação dirigida ao agronegócio. Rádio, jornal e TV o consolidaram como multimídia. Mesmo hospitalizado, manteve por muitas edições a sua tradicional coluna em O Nacional. Jornalismo, política e publicidade, porém entendo que a grande virtude do Meirelles foi a sua habilidade com o uso do vocabulário. Era um grande orador, empolgava e emocionava. Gostava de utilizar a expressão “flamante” para enaltecer algo ou alguém. Narrava com entusiasmo, falava com eloquência. Isso quando não inflamava como fez com os jogos de futebol. Foi um grande orador. Suas palavras tinham tamanha força que deslocaram vagões de Passo Fundo para Erechim. Meirelles Duarte talhou o seu nome na tábua do tempo de Passo Fundo.
Impasse
Há décadas a turma da Mesa Um do Bar Oásis mantém uma tradicional harmonia. É recíproco o respeito entre os confrades, pois o seleto grupo é formado apenas por antigos frequentadores da casa. Infelizmente, agora, surgiu um grande impasse, uma verdadeira briga por espaço. De um lado Léo Castanho, proprietário do Oásis, de outro Wiss Gabriel, um dos ícones da Mesa Um. A situação embaraçosa deixou o convocador-oficial, Aldo Battisti, no meio da fogueira. A disputa entre Léo e Wiss é para decidir quem será o paraninfo da reunião de encerramento do exercício 2019. É, na prática, uma batalha fluvial entre Ernestina e Capinguí.
Receitinha
Fuja de pessoas rancorosas. Evite seres recalcados e não curados. Tenha cuidado com pensamentos raivosos. Desvie os seres mesquinhos. Siga os mais novos, eles mostram os caminhos mais puros e lindos. Siga os mais velhos, eles já estão calejados pela vida, sabem como é o sofrimento e carregam muitas aulas de história. Siga os talentos e ouça o que a música propicia de inspiração, pois a arte é a beleza resultante da obra da criação.
Trilha sonora
De autoria de Adriana Calcanhotto, sucesso com Roberta Sá – Me Erra
Use o link https://bit.ly/2MsiidU