Enquanto os adultos pintavam os pneus que demarcam as divisas do parquinho, as crianças aproveitavam as tintas para dar cor à brincadeira, na tarde de ontem (28), na ocupação 4 do bairro Alexandre José Zachia. É que um grupo de moradores está realizando um mutirão para construir uma área de lazer. A ideia surgiu ainda nesta semana, diante da falta de opções para os pequenos, de acordo com a coordenadora da ocupação, Gecilene de França, conhecida como Lena.
No momento, o trabalho está concentrado em organizar o terreno. Três estacas fincadas sobre o solo indicam a destinação de cada espaço. Além do parquinho, o grupo quer construiu um campinho de futebol e, futuramente, uma sede para a associação dos moradores. Os materiais adquiridos, até o momento, vieram de auxílios da própria comunidade. Porém, os moradores ainda precisam de doações de brinquedos para o parquinho, além de terra e areia para nivelar o chão. Inicialmente, eles pretendem colocar balanços, gangorra, escorregador e bancos no local.
Conforme Lena, a área de lazer ajuda a demonstrar a realidade das cerca de 200 famílias que vivem no local. “A gente enfrenta muitos problemas aqui. Não é só a falta destes espaços, não tem água, esgoto, luz, as ruas não têm estrutura. É tudo irregular”, explica a coordenadora. Todas essas questões são ocasionadas pela irregularidade das moradias, a principal fonte de preocupação dos moradores, de acordo com as lideranças. O presidente do Bairro José Alexandre Zachia, Arivaldo Boher Bitter, explica que aguarda um retorno da Prefeitura de Passo Fundo para discutir a área, juntamente com a direção da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), proprietária de parte do terreno.
De acordo com os moradores, uma audiência está marcada para o dia 30 de agosto no Fórum de Passo Fundo. “A gente quer deitar a cabeça no travesseiro e descansar tranquilo, sem pensar que uma máquina pode passar por cima e destruir nossas casas. Lutamos por dignidade para nossas famílias”, pontuou Lena.
Processo judicial
Na Justiça de Passo Fundo correm ao menos dois processos envolvendo as áreas de ocupação do Zachia. Em março, uma audiência conciliatória foi realizada com as partes. Diante de algumas dúvidas porque na ocupação há terrenos do Município e também do Estado, onde estava prevista uma obra da Corsan, a juíza determinou prazo para que as partes envolvidas fizessem um levantamento topográfico, inclusive das Áreas de Preservação Permanente (APPs). As informações serão debatidas na audiência dos próximos dias.