Os elementos essenciais da natureza permanecem como pressupostos de vida, especialmente o homem. Parmênides, Tales de Mileto e tantos outros filósofos, formularam raciocínios sólidos sobre esta base que inclui água, terra, fogo e ar. E o Brasil, palco imponente nesta composição natural nas extensas terras da Amazônia é vértice de matéria viva para o planeta. As crenças, também milenares, concluem no mesmo sentido a valoração religiosa dos seres. Tudo tem sentido implacável nesses potenciais da raiz humana. A Bíblia reforça a imagem inarredável da história humana, concretizando passagens sempre ligadas a fontes da natureza. As árvores, na simbiose com as águas, ar e terra formam o ciclo fértil da vida. O fogo, do ventre furioso da terra realiza a grande transformação oculta e amedronta quando irrompe. Tudo, enfim, está ligado à natureza. Tomamos a face exposta ao homem criativo, desbravador e necessitado perante o manancial natural. As ações do homem exigem o respeito a essas fontes de recursos, considerando a necessidade de equilíbrio, em nossa visão leiga. Respeito e equilíbrio devem balizar a mente civilizatória.
Dia do fogo
O fogo que nos aquece no frio e faz parte de tantos momentos bons e úteis no cotidiano, pode, no entanto, ser avassalador. Seus efeitos somam catástrofes. E foi assim o dia do fogo, supostamente deflagrado por empreendedores que rondavam áreas devastadas. É certo que incêndios na Amazônia aconteceram em glebas invadidas que sofreram derrubadas ilegais. O clima seco sempre foi aliado das queimadas consideradas toleráveis. Irresponsabilidade e o crime! O governo Bolsonaro questiona a rigidez da fiscalização, alegando a necessidade de desbravar a selva. Fazendeiros inescrupulosos exageraram no desmatamento, inclusive de áreas preservadas. Madeira no chão, seca, é combustível fácil para descontrole e sinistro.
A imprensa
A fumaça invadiu as cidades e foi a primeira denunciante irritando os olhos e dificultando a respiração das pessoas. A situação estava diante dos olhos, ferindo o globo ocular. Era preciso conferir a situação. Entre os técnicos que controlavam as informações e os que fazem a apologia útil da preservação os fatos chegaram aos foros mundiais. A imprensa cumpriu seu papel. O alerta logo se instalou com efeitos colaterais instando o governo à responsabilidade pelo estrago.
Debaixo do tapete
Os gestores brasileiros consideraram a devastação do fogo com perigoso relativismo. O alerta emblemático da França e Alemanha foi recebido como intervencionismo. A primeira manifestação de Bolsonaro foi presumir ação criminosa de organizações ambientalistas descontentes com o fim dos acordos com estrangeiros de atuação na mata amazônica. A gravidade relegada poderia colocar o problema debaixo do tapete.
Ameaça
Só a ameaça do presidente Emmanuel Macron, da França, que levou o assunto à cúpula do G -7, agitou o setor da produção primária, que poderia ser afetado nas as exportações. Além da própria letargia, o Brasil ficou numa situação difícil pela forma precipitada ao receber a crítica. A intenção da França de auferir vantagem comercial e política não deve ser desconhecida. A atitude nacionalista brasileira é legítima quando preserva o sentido de gostar do país, mas não pode ser campanha de gestão no desespero para assegurar prestígio em queda.
Oba! A virada!
O G-7 ofereceu ajuda financeira, recusada no primeiro momento. Reconhecidas as razões para não aceitar excessiva ingerência na Amazônia, Bolsonaro produziu guinada de atitude. E já tomou medidas de urgência, mobilizando o Exército para aplacar o efeito das queimadas. Veio ajuda de Israel e do Chile. Ótimo! Bolsonaro reagiu rapidamente em relação ao próprio equívoco. As pressões internas e externas foram ponderadas pelo presidente. Seja pelas pressões ou avaliação dos interesses em jogo, o certo é que o mandatário brasileiro agiu certo. A fumaça das queimadas abriu seus olhos para ver que o Brasil não pode queimar a selva e perder dinheiro das exportações. O jeito foi meio esquisito, mas a solução é positiva, e democrática.