Com objetivo de chamar atenção da sociedade à violência contra as mulheres homossexuais, suas condições de vida e as consequências sociais e individuais em decorrência de preconceitos que sofrem, os movimentos de mulheres ‘Olga Benário’ e ‘Maria, vem com as outras’ promovem, neste domingo (1º), a 1ª Marcha da Visibilidade Lésbica de Passo Fundo. A concentração será às 15h, na Praça do Teixeirinha.
O tema desta edição é “Lésbica – Feminista – Revolucionária”. A integrante do movimento Olga Benário e uma das organizadoras da Marcha, Tauane Rangel, fala sobre a importância de ocupar espaços públicos e mostrar a existência destas mulheres. “A construção da 1ª Marcha da Visibilidade Lésbica de Passo Fundo representa, pra mim, a resistência de um grupo de mulheres que se faz atuante e presente na construção de uma luta nacional. Foi na rua que se conquistaram diversos direitos e é na rua que estaremos nesse domingo para mostrar nossa voz”, pontua.
O evento é aberto para todos que apoiam o movimento e marca o encerramento de uma série de atividades realizadas na última semana, em alusão ao 29 de agosto. A data é lembrada como o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Desde o dia 26, foram realizadas panfletagens, rodas de conversa, sarau e atividades em escolas de educação básica.
Um dos debates, realizado durante a semana, abordou o protagonismo destas mulheres dentro dos espaços de produção e conhecimento científico. Tauane chama a atenção para a questão de saúde. “Na medicina, por exemplo, não há debate sobre saúde lésbica, o que torna os profissionais despreparados para orientar diversas meninas e mulheres que, por falta de informação, acabam não priorizando sua saúde. Entretanto, isso não se restringe à área da saúde, sendo uma realidade em todos os cursos da universidade, carentes de avanço nesse sentido. Dessa forma, precisamos que as universidades passem a estar comprometidas com a formação de sujeitos que reconheçam a existência da mulher lésbica. A partir do alcance desses avanços, será cada vez mais visível o protagonismo dessas mulheres em todas as áreas”, enfatiza.
Violência contra lésbicas
Na página do evento no Facebook, os movimentos de mulheres chamam atenção para dados de violência contra mulheres homossexuais. Em 2014, foram registradas 16 mortes de lésbicas no Brasil. Desse total, 75% das mortes ocorreram entre os meses de setembro a dezembro. A estatística subiu para 54 em 2017. As informações constam no Dossiê sobre lesbocídio no Brasil, lançado em 2018. “Definimos lesbocídio como morte de lésbicas por motivo de lesbofobia ou ódio, repulsa e discriminação contra a existência lésbica”, afirma a publicação.
De autoria do grupo de pesquisa “Lesbocídio – As histórias que ninguém conta”, criado em 2017, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Dossiê abrange casos que ocorreram no Brasil entre 2014 e 2017, obtidos através do monitoramento de redes sociais, jornais eletrônicos e outros meios de que veiculassem os assassinatos. Essa metodologia, porém, não garante a precisão do número de mortes. Com a precariedade de informações oficiais, o dossiê trabalha com a possibilidade dos números serem maiores.
A pesquisa também faz um mapeamento do número de suicídios cometidos por mulheres lésbicas. Em 2017, foram 19 casos, representando 32% dos suicídios de toda a comunidade LGBT+ no Brasil do período.