Está cada vez mais remota a possibilidade de vermos ação forte de governo para solução de problemas históricos da gestão financeira. O diferencial em relação à necessidade de desenvolvimento não se apresenta visível, além do óbvio aumento de imposto. Parece que algumas apostas, como a redução na pesquisa científica, nada mais é do que a exposição da crise. O setor primário, sabido pelo vigor de produção nacional é o único que subsiste incólume aos desalentos orçamentários. Também pudera! É o sustento do Brasil. O que o governo sugere anda na vala temerária, como o afrouxamento das leis de proteção ambiental, e encontra óbice legítimo de forças históricas nacionais e internacionais. É o caso da vigilância ambiental sobre a Amazônia. Pouca criatividade faz voltar ao recurso da tributação. E já está pronto o resumo do projeto que restabelece coisa antiga, através do Imposto Sobre Transações Financeiras. É a volta da CPMF, de roupa nova. Os mais pobres serão afetados, sem nenhuma contemplação. As manifestações partidárias do governo eleito demoraram-se muito atribuindo culpa à oposição por fracassos. De tanto falar mal comete os mesmos erros, como advertia Horácio: “est proprium stultitiae vitia eorum cernere, oblivisci suorum” (é próprio da estultice apontar defeitos dos outros, e esquecer os próprios defeitos). A campanha inteira de Bolsonaro foi contra a criação de novos impostos, principalmente a CPMF.
Passos infelizes
O filho do presidente, Carlos Bolsonaro, volta a questionar o caminho da democracia. Mesmo sabendo que a defesa democrática é padrão de conduta política do atual momento, produz declaração polêmica. Atribui interpretação perigosa à imprensa. O vice-presidente, general Mourão diz que a democracia é base para as relações do estado, interna e externamente. Rodrigo Maia vê nas declarações um excedente nas cotas dos passos infelizes.
Palavras
Quem não sabe que a democracia pressupõe debate, paciência e embate na constituição de poderes republicanos? Por isso, cuidado com as palavras.
Absolutismo
A regra do absolutismo é calcada na expressão “the king can do no wrong” (o rei está sempre certo). O cotejo das posições políticas ocorre nas relações entre, parlamento, judiciário e executivo. Vejam a Inglaterra, que vive um furacão para decidir sobre o Brexit. A democracia também se vitaliza com o impasse. Nossa grande nação brasileira não pode fugir da sua realidade, com os deputados que temos e o STF. O presidente Bolsonaro é o presidente da República. Embora esta ânsia de poder dinástico, não se trata de família imperial! É preciso talento, sem dispensar a democracia.
Assassinatos
Circula a informação de que em 2019 reduziram os assassinatos em 10%. Ao mesmo tempo aumentam as mortes por policiais. Nesses eventos morrem homens, jovens e negros, na maioria. É ainda muita violência que requer debate.
Preocupante
É preciso saber quem anda encorajando ataques à fiscalização do IBAMA. Doloroso, mas é preciso lembrar a luta para punir o assassino de Dorothy Stang. Levou seis tiros de mandantes de fazendeiros que não admitiam o trabalho da irmã missionária, em 2005.
Queima
A lei de fiscalização prevê casos de destruição de veículos e máquinas apreendidos no crime de devastação da floresta Amazônica. É estranhável que a preocupação com os tratores dos criminosos tenha mobilizado o governo para preservar esta ferramenta.
Disciplina
A participação pedagógica anunciada através das escolas cívico-militares tem toda chance de fortalecer o ambiente educacional. A orientação do Exército Nacional é credenciar lideranças, com ênfase no respeito democrático e disciplina. A respeitabilidade da instituição certamente pode transformar comunidades escolares em vulnerabilidade social. O Exército é acreditado por sua história para garantir disciplina e logística na escola. Não se trata de opressão ideológica. Não há se falar nessa idiotice de combater comunismo como pensam alguns alucinados. Acredito que se trata de novos aliados aos meios dignos de aprendizado, com disciplina, segurança e respeito entre alunos e professores.