As cartinhas
Sou de um tempo em que as pessoas trocavam correspondências por carta ou telegramas. Quem não tinha muito que fazer, mandava uma cartinha para a rádio. Muitas reclamações não eram lidas, porque a censura daquela época era explícita. Diante do microfone éramos reféns sob a ameaça de lacrarem nossos transmissores. As cartinhas formaram um elo das pessoas com o mundo externo. Dores, amores, desilusões, desabafos e declarações ganhavam alívio pelas ondas do rádio. Os presidiários escreviam muito para as emissoras, ofereciam músicas aos familiares e contavam sobre seu sofrimento. Hoje as pessoas não enviam mais aquelas cartinhas. Agora estão nas redes sociais para desabafar e extravasar. Porém, alguns se dedicam ao exercício de um pseudopoder de censura. Basta publicar algo que provoque coceiras nas suas recalcadas memórias que eles entram em cena. Mas é muito fácil identificar um comentário desses neocensores: na maioria dos casos começam rotulando os autores dos textos como isso ou aquilo. E tudo no mais explícito tom autoritário. Sentem-se como os guardiões da verdade ou representantes de imaginárias leis. Não propõem debates (já estaria fora de moda?). Agridem com reprimendas. Sinais dos tempos. Hoje convivemos com a inovação constante da tecnologia. A comunicação é bem mais ágil e acessível. Mas nem todos estão preparados para o exercício da informação. As cartinhas já não são mais de papel. E a censura agora é implícita.
Em uma saudável caminhada pelos longos caminhos da Avenida Brasil, encontramos de tudo um pouco. Mas sempre tem algo que chama a atenção. É o caso do pastel de feira. Passei por muitos locais anunciando pastel de feira. Ora, sempre pensei que pastel de feira a gente encontrava apenas em feiras. Então fiz um pingue-pongue individual e sem raquete. Onde temos feiras? Será que a feira virou uma franquia? Sem respostas na hora, prossegui caminhando e me perguntando qual era o pastel? Pesquisando pelo Google, é claro, descobri que o badalado pastel teve origem nas feiras paulistanas. Lá pelos anos 1950, os feirantes japoneses adaptaram uma receita chinesa com a farinha de trigo portuguesa e acrescentaram a cachaça brasileira. Foi um sucesso e estão vendendo pastel até para ingleses. Então, ao que parece, o pastel de feira virou uma instituição gastronômica. Mas aqui por essas bandas meridionais, também temos nossos próprios pastéis. O mais conhecido de todos é o famoso pastel de rodoviária, cujas consequências são sempre imprevisíveis. Temos o pastel de vento, praticamente sem recheio, e o pastel premiado, aquele em que encontramos uma azeitona. Mas do lado doce da culinária portuguesa herdamos maravilhosas iguarias: o pastel de Belém e o pastel de Santa Clara. Enfim, sempre é bom saber qual é o pastel!
Se lixando para o lixo
Anda de mal a pior a relação das pessoas com o destino dado aos resíduos. No centro, continuam entupindo os contêineres com placas de isopor e outras embalagens. Poucos separam o lixo orgânico do reciclável. O pior é que misturam tudo na hora de depositar. Quem age sim é, de fato, um lixo!
- Na próxima sexta-feira os supermercados estarão fechados.
- Algumas lojas insistem em utilizar alto-falantes a todo volume.
- As calçadas estão sortidas: balcões, ambulantes, roupas e até colchões.
- O aumento da truculência é proporcional à persistência da ignorância.
Os noruegueses Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe formam o duo Kings Of Convenience, que faz uma música pop moderna e influenciada pela brasileiríssima bossa nova – Misread
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