Um dia após a tomada das ruas em diversas cidades do mundo para exigir políticas contra as mudanças climáticas, durante a greve global para o clima realizada na sexta-feria (20), milhões de ativistas retomaram, no sábado (21), as ações de conscientização sobre o consumo e descarte irregular de resíduos no Dia Mundial da Limpeza. Através da ONG Ecosurf, cerca de 72 voluntários concentraram-se em mutirões de limpeza no Bosque Lucas Araújo e na Praça Antonino Xavier, em Passo Fundo.
Em dois grupos, as mãos protegidas por luvas amarelas, utilizadas pelos ativistas ambientais para o trabalho, foram responsáveis por remover desses espaços públicos mais de 20kg de lixo depositados de forma irregular. "Só no Bosque, recolhemos um container cheio de entulho proveniente de construções, além de 50 sacos, de 100 litros, de detritos", relatou a voluntária da Ecosurf, Ana Paula Levinski. Na Praça Antonino Xavier, local de convívio recreativo próximo ao Hospital de Clínicas (HC), os voluntários, coordenados pela ativista ambiental Gilda Maria Spanhol da Silva e auxiliados pelos grupos de escoteiros Guarani e Alvoredo, coletaram 12kg de resíduos descartados de forma inadequada e um quilo de bitucas de cigarro, como mencionou, ainda, a ativista. "A praça foi escolhida para trabalhar com os escoteiros justamente porque, como eram crianças e adolescentes, o trabalho não pode ser pesado. Mas, sobretudo, para realizar o ato de conscientização das pessoas que vivem no centro. Lá, elas enxergaram a ação acontecendo. No Bosque foi mais fechado porque não tem tanta circulação", explicou Ana.
Uma ação global
Os voluntários passo-fundenses, equipados com luvas, sacos plásticos e cartazes alusivos, somaram-se a milhares de ativistas ambientais que, em vários pontos do globo, uniram-se para limpar a costa de rios, orla de praias e demais espaços de uso comum que acumulam os descartes de lixo. A operação de limpeza em massa é organizada pela fundação ‘Let’s Do It’, na Estônia, e há cerca de um mês planejada para acontecer na Capital do Planalto Médio, como esclareceu a ambientalista responsável pelo desenvolvimento da ação coletiva na cidade, Ana Levinski. "Tudo que foi recolhido será catalogado e pesado. As informações serão enviadas à ONU Meio Ambiente para que se tenha dados estatísticos sobre a ação", ponderou.
O evento, presente no calendário de proteção ambiental há mais de uma década, reuniu cerca de 20 milhões de voluntários em 113 países, conforme divulgou a ONG estoniana. Durante o seminário de Estratégias para o Combate ao Lixo no Mar, realizado também no sábado (21), no Rio de Janeiro, o secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, André França, destacou práticas de recuperação do lixo e a melhoria dos resíduos sólidos urbanos, segundo informações da Agência Brasil. “Cerca de 80% do lixo que vai para o mar vêm do continente. Se 20% vêm de atividades marítimas, 80% vêm do continente. A causa raiz está na boa gestão desses resíduos sólidos, do descarte em local adequado, da reciclagem daquilo que é passível de ser reciclado, da reutilização”, ressaltou França.
Em Passo Fundo, a ação de limpeza teve o apoio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da IMED.