A afirmação do presidente Bolsonaro de que o país vai cuidar de seus rios e suas matas foi o que se imaginou de início; algo firme, direto e apaziguador para os espectadores da ONU. Neste aspecto, é positivo, como disse o presidente, saber que o governo brasileiro reconheceu a gravidade das queimadas e mobilizou o Exército para conter o perigo ambiental. É compreensível, também, embutir na mensagem a preservação da soberania nacional firmando a convicção de que temos capacidade suficiente para enfrentar o problema. A ajuda de outros países foi acatada, como a de Israel, Estados Unidos e Chile. E não se poderia estranhar o contraponto a algumas versões que circularam na imprensa mundial, tidas como exasperadas. Até aí, nada que se possa contestar na fala presidencial perante representantes de outras nações.
A guerra ideológica
Subitamente Bolsonaro sacou da chibata verbal. Mesmo usando o verbo bíblico, degenerou a hipóstase e se embrenhou pela agressão prenunciando temporal de acusações a imaginários inimigos internos da nação. Começou pelas loas ao regime ditatorial instalado no Brasil em 64. Sem pejo, proclamou este como se fosse momento salvador nacional. Depois atacou adversários da superada disputa eleitoral. Ameaçou atacar liderança indigenista e lançou temeridade sobre a segurança jurídica das terras ianomâmis e Raposa Serra do Sol, já demarcadas. Representantes de países empenhados na solução ambiental do planeta ficaram atônitos com ataques insistentes a países da América do Sul. Tudo relacionado às questões da política interna nacional. A fala que se esperava de inspiração diplomática para equalizar respeitabilidades, tornou-se vergasta de palanque eleitoral.
Tudo a Trump
As ligações anunciadas ao estado de Israel, sem dúvida, podem trazer benefício ao Brasil. Há interesse mútuo viável. As relações com os USA também podem gerar bons resultados, bastando saber que estamos abertos à maior economia do mundo. Temos interesse tecnológico. Mas, como se diz, não há almoço de graça. Por isso não é aconselhável depositar todas as fichas nestas relações. Ao Trump tudo, também não! Bom relacionamento, sim! Refestelar-se, não!
Comunicação
A capacidade de comunicação de nosso presidente, sabemos, é sofrível. Dificuldades com a língua pátria! Mesmo assim, sem que se esperasse obra prima na expressão pátria, a ocasião pode ter sido desperdiçada, para melhorar os negócios do Brasil.
Saneamento e emprego
Temos duas situações caóticas no Brasil, além da crise tolerável. Uma delas é o renitente desemprego. A outra é a falta de saneamento. São questões que amassam o povo, na sua dignidade de vida!
Imprensa
Recente pesquisa de opinião revela que a imprensa ainda mantém bom índice de credibilidade, nas rádios, TV e jornais. Figura importante nesse processo é o repórter, o primeiro codificador dos fatos. O jornalista Carlos Wagner, um dos mais experientes jornalistas da atualidade insiste nesta função. Quem é ou foi repórter sabe o que significa.
Criar recurso
A situação está muito difícil. Só o esforço concentrado de quem sofre pode alcançar solução. Nossa geração vai perceber que precisa e pode fazer muito, antes do desespero. O poeta e sociólogo Josè Hernandes, expressa o potencial criativo do homem, mesmo quando os meios são precários: “Es pobre mi pensamiento/ es escasa mi razón/ mas pa dar contestacion/ mi inorancia no me arredra:/ También da chispa la piedra/ si la golpea el eslabón”. Eslabão é termo técnico da medicina veterinária; e tem significado de elo, ou link, em espanhol (eslabón). No verso de Hernandez é o recorte de ferro ou lima, usado para produzir fagulha ao friccionar (chispar) a pedra, no avio antigo, que instigava a centelha em pano seco ou pó de madeira, formando a brasa.
Eurídice
Acabo de ler novamente, após décadas da primeira leitura, o romance de José Lins do Rego – Eurídice. Literatura altamente recomendável e grande expressão da língua portuguesa. História forte sobre as marcas de uma infância tumultuada.