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Exibindo em quatro cadeiras de rodas frases comumente usadas como desculpas pelos motoristas que ocupam de maneira indevida as vagas reservadas para pessoas com deficiência, ação promovida pelo Município teve como objetivo chamar a atenção da população para a importância da educação no trânsito

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Não é preciso circular por muito tempo dentro do perímetro urbano da cidade para perceber motoristas que utilizam, de forma irregular, as vagas de estacionamento reservadas a idosos e pessoas com deficiência. Nessas ocasiões, comentários como “eu já volto”, “não tinha outro lugar para estacionar” e “foi só um minutinho” costumam ser declarados pelos condutores como se parar justificar a infração. Entre a manhã e a tarde de ontem (25), porém, frases similares ganharam um novo significado ao estamparem lugares incomuns: quatro cadeiras de rodas, cada uma com uma mensagem, posicionadas no estacionamento rotativo do canteiro central da Rua General Neto, em frente à Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. A ação, promovida pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Prefeitura Municipal de Passo Fundo e denominada “Já Volto”, era alusiva ao Dia Nacional do Trânsito, celebrado anualmente no dia 25 de setembro.

Conforme explica o agente de trânsito do Núcleo de Educação Para o Trânsito, Emerson Drebes, a intenção foi estimular um olhar empático, fazendo com que os condutores se colocassem no lugar das pessoas que de fato necessitam dessas vagas e que, constantemente, se deparam com a desagradável situação de vê-las ocupadas de maneira indevida. “Como nos disseram alguns deficientes físicos com quem conversamos, ‘Todos querem ocupar essas vagas, mas ninguém quer trocar de lugar conosco’”, reproduz Drebes. “A ideia de colocar cadeiras com essas frases comuns, utilizadas como desculpas no dia-a-dia, era justamente destacar a importância de respeitar as vagas especiais. Elas são instaladas em pontos estratégicos para facilitar o acesso de deficientes físicos aos espaços da cidade, principalmente nas proximidades de hospitais, bancos, órgãos públicos”, esclarece.

Embora as cadeiras de rodas –emprestadas pela APAE – estivessem ocupando vagas regulares, em um ponto bastante movimentado do Centro de Passo Fundo, Drebes conta ter se surpreendido pela receptividade positiva que observou. “Muitas pessoas que passaram por aqui perguntaram do que se tratava e o mais interessante é que, depois que entenderam, todas elas apoiaram. Algumas contaram até que já precisaram usar cadeiras de rodas em algum momento, porque quebraram alguma parte do corpo, e notaram como é difícil ser cadeirante. Elas disseram ter se colocado no lugar das pessoas que convivem com esse problema e sentiram na pele a importância da vaga”, comenta. Ainda de acordo com o agente, o objetivo do órgão é tornar o “Já Volto” uma ação permanente, que circulará por outros pontos da cidade.

 

O que diz a lei

O direito a vagas especiais está previsto no artigo sétimo da Lei de Acessibilidade (Lei 10.098/2000), onde consta que “em todas as áreas de estacionamento de veículos, localizadas em vias ou em espaços públicos, deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de locomoção”. Desrespeitar essa legislação é, inclusive, considerado infração gravíssima, passível de penalização com sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação e multa no valor de R$ 293,47.

 

Semana Nacional de Trânsito

A iniciativa “Já Volto” fez parte de uma agenda coletiva, durante a Semana Nacional de Trânsito, promovida pela SSP e outras entidades parceiras desde o dia 18 deste mês. Sob o tema da semana (“No trânsito, o sentido é a vida”), mais do que alertar sobre a ocupação indevida de vagas especiais, as ações visavam educar a população em prol de um trânsito mais seguro em todos seus aspectos. “Um dado interessante é que, embora a frota de veículos esteja aumentando em Passo Fundo, o número de acidentes fatais caiu. Em 2017, 16 pessoas perderam a vida ao se envolverem em acidentes de trânsito no perímetro urbano. Em 2018, foram oito. Se compararmos com 2014, quando tivemos 29 vítimas fatais dentro da cidade, podemos dizer que a redução foi de quase 72%. Nós tomamos como base dados do Detran. Em 2019, até agora, foram cinco. Está bem parecido com o cenário do ano passado até o momento, não aumentou, e o que esperamos é novamente fechar o ano com uma diminuição”, expõe o agente de trânsito Emerson Drebes.

Para ele, embora o sonho do órgão seja no futuro finalizar os dados anuais sem nenhum registro de morte, toda e qualquer vida salva importa. “É uma família a menos que chora”, salienta. “Nós atribuímos essa redução a um tripé: fiscalização, engenharia e educação. À educação principalmente. Nós sabemos que, hoje, mais de 90% dos acidentes de trânsito são causados por falha humana. E é a educação que pode mudar esse cenário. Por isso, há anos desenvolvemos diversas ações com as crianças daqui. Acreditamos que, assim, ajudaremos a formar adultos mais conscientes”.

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