Na era das opiniões e elucubrações, muitas sem sentido e sem responsabilidade pelas vias eletrônicas, a canonização da Irmã Dulce não fugiu ao momento. É bom lembrar que o próprio Cristo foi ultrajado e seviciado até a morte. Pregava a atenção aos pobres, a suma dedicação ao próximo como expressão da face divina. Maria de Souza Brito Lopes Pontes foi atormentada pela aflição do sofrimento alheio e sentiu forte chamado à solidariedade. Tudo indica que esse seu tormento levou-a ao ímpeto sobrenatural e humano. Lançou-se à luta para ajudar os desvalidos. Demonstrou que um coração irresignável com a miséria poderia fazer algo. E rompeu barreiras da omissão, invadiu propriedades e abraçou o sofredor. Ao agir com grandeza suscitou contrariedades, por certo. Principalmente porque agiu numa sociedade eivada por falsos conceitos de direito universal e natural, num território patrimonialista. É sempre assim. A Santa Dulce dos pobres entendeu que sua fé seria mais íntima de Deus se a dedicação fosse de amor fraterno ilimitado. Certamente nenhuma diferença seria feita aos olhos de Deus (de sua crença), fosse ou não fosse declarada Santa pela Igreja Católica. Irmã Dulce, humana como foi, apenas buscou uma forma perfeita de vida fraterna. Talvez outras tantas existências, mesmo anônimas, tenham concretizado ideal de vida semelhante. Lançou luzes do bem como arma para suas aspirações altruísticas de forma eficiente.
Inveja e pobreza
Parece inconcebível, mas o transtorno da inveja supera limites da própria lógica de poder e dinheiro. A obra da irmã Dulce dava-lhe a acolhida no meio social. Propagando o bem suscitou a amargura dos prepotentes que nunca admitem sucesso fora do poder econômico. A mentalidade sedimentada na cultura escravista não tolerou o compromisso com a igualdade mínima. Aliás, o neoliberalismo jamais compreenderá uma ordem de cooperação que socorra prioritariamente o abandonado, meta desenfreada da freira baiana. A falta de grandeza e compreensão pedagógica da virtude levaram muitos a desafiar a importância para o Brasil e para o mundo desta singela criatura. Por simples aversão religiosa fundamentalista, alguns rechaçaram a ideia da canonização da Igreja, por inveja e preconceito. É assim, as divergências sem razões nem procuram entender que boas obras não são apenas uma vitória dos mais humildes, e que é possível um olhar igualitário também aos desvalidos.
Mãe Negra
Conta-se que escravos colheram uma imagem ao pescarem no rio Parnaíba. Era o ano de 1717, em pleno horror da escravidão no Brasil. Com medo de serem torturados ou mortos pelos patrões escravizadores que dominavam a extensões de terra, os escravos rogaram aos céus que surgissem os peixes que vieram na rede após a estátua de Maria. Era a imagem branca. A dor e o sofrimento do povo escravo era o frêmito angustiado daquela gente. A estátua peregrinava nas senzalas e um dia os escravos perceberam que a branca imagem enegreceu. Foi o sinal de que uma esperança de liberdade acendia. Mais tarde, mesmo com a relutância repressora dentro da própria Igreja, foi reconhecida Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, após a abolição da escravidão. Hoje é símbolo de fé e liberdade. Essa história é referida também como ocorrência fenomenológica pela filosofia do direito à liberdade.
Racismo
Roger Machado e Marcão deram recado direto à sociedade brasileira a respeito do deplorável racismo, ainda presente no Brasil, com ou sem disfarce. O futebol da Bulgária, em recente confronto com a Inglaterra expõe a atitude desumana de torcedores fanáticos racistas.
PSL
Comando do PFL, partido que elegeu Bolsonaro toma atitude polêmica. Bivar quer excluir filhos de Bolsonaro, que comandam o partido no Rio e São Paulo.
Família
Em Medida Provisória, o presidente Bolsonaro reforça o Bolsa Família, que agora terá espécie de 13º. Por mais reacionário que seja o bolsonarismo esta virada positiva entende o irresistível clamor de combate à miséria.