A pobreza anda rondando os lares brasileiros, mesmo que estejamos num país privilegiado pelas largas extensões de terra fértil, águas abundantes, e um amplo espectro religioso que protege contra o maniqueísmo das crenças. Por isso há esperança, diferente da simples espera, mas na fertilidade de almas. Então, é preciso vencer a praga da corrupção. A persecução ao crime contra o patrimônio público não pode esmorecer. O Supremo acaba de condenar um dos mais terríveis criminosos. O ex-ministro Geddel Vieira Lima, mancomunado com seu irmão ex-deputado Lúcio Vieira Lima (ambos do MDB). Eles deixam um lastro de degeneração ética no mundo do crime, abusando do poder político delegado pelo povo. São muitos os agravamentos de conduta e crueldade. O que não se pode esquecer, neste caso, é que a investigação, ameaçada diversas vezes pelo próprio poder corrupto, persistiu e a justiça condenou. Sabemos que não são todos os denunciados que serão condenados. Mas, os irmãos Geddel e Lúcio, finalmente são sentenciados. A observação que fazemos é simples. Lembramos que foram estes que protagonizaram o depósito de R$ 51 milhões apreendidos em malas num apartamento de Salvador. E isso não foi enterrado.
Braço de Temer
Nos primeiros movimentos do presidente Michel Temer, o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, era pressionado pelo poder instalado no golpe à presidência do Brasil. Um dos raros resistentes ao continuísmo corrupto, Calero repudiou e denunciou a imoralidade de Geddel que pretendia privilégio para edificar num bairro de classe alta de Salvador. A verticalidade de Calero obrigou-o a renunciar, enquanto a turma do ministro da Integração Nacional de Temer era mantida e prestigiada. Calero era um jovem político que expunha um mínimo de decência e teve que pular fora, sem o merecido reconhecimento dos demais próceres governistas da época. Calamidade moral! E Geddel persistiu no crime. Desse modo, é para lembrar que sua condenação era esperada. Ainda resta recurso, mas poderá cumprir 14 anos de 10 meses de prisão. Isso é importante, neste momento em que as instituições policiais e jurídicas, mesmo com algumas falhas, cheguem à justa repressão ao crime de colarinho branco.
Família Bolsonaro
O posicionamento do presidente Bolsonaro perante o seu partido (PSL) é temerário no tocante à valorização da agremiação política. A disputa interna é comum nos partidos. O que chama atenção é esse tiroteio verbal, em tom raivoso. E, novamente, o filho Eduardo no foco das atenções. O presidente, que não dá tanta atenção ao desastre ecológico na orla marítima dos estados nordestinos, quer salvaguardar o filho na disputa pela liderança do partido. Já visualizou uma saída que implicaria na desistência à postulação de Eduardo à embaixada dos EUA. O fato é que o presidente tem o poder, e vai emplacar sua hegemonia. O partido briga internamente pelo fundo partidário de 400 milhões. Isso pesa muito e pode levar a um acordo interno. Por ora verifica-se o que chamamos de entrechoque de guampas (na manada). Ou como recomendavam os senadores mais cautelosos nas brigas do Império Romano: “Fenum in cornua” (feno nos chavelhos), para que ninguém seja muito ferido nos embates.
Águas poluidas
É comovente a mobilização das pessoas do povo nas praias dos estados nordestinos para limpar a água e areia. Eles estão ali, quase absortos, no braço, enfrentando o espectro de material betuminoso. Vanguardeiros e corajosos, homens e mulheres, especialmente a comunidade de pescadores. Cavando com as mãos e pouca proteção a invasão do petróleo trazido pela maré. Algumas senhoras não contêm a dor e a impotência perante o furor do desastre. Lágrimas e lágrimas, mas continuam lutando, recolhendo blocos do betume invasor. Depois de vários dias, começa a mobilização do governo federal, mas a defesa de nossas águas e praias é obra do ardor patriótico de nosso povo que se joga na luta de braços nus!