O Brasil ganhou uma posição, mas se mantém apenas no 59º lugar no Anuário de Competitividade Mundial 2019 (World Competitiveness Yearbook – WCY), que avaliou 63 países. “Em termos de América Latina, Brasil e Argentina ficaram entre os cinco últimos do ranking, enquanto o país mais bem classificado desta região, o Chile, sofreu a maior queda neste ano (da 7ª para a 42ª posição).
O Brasil classificou-se como o mais baixo entre os 63 países estudados para custo do crédito (o país mais caro para empresas tomarem recursos emprestados) e para competências linguísticas”, afirma Arturo Bris, professor do IMD e diretor do IMD World Competitiveness Center, o centro de pesquisa que compila o ranking. Esse estudo foi realizado pela escola suíça IMD e, no Brasil, contou com a parceria com a Fundação Dom Cabral. “O ganho de posição, se deve, principalmente, a uma melhora nos investimentos estrangeiros diretos (USD 88 bilhões em 2018 contra USD 70,3 bilhões em 2017), mas o alto nível de desemprego puxa para baixo os indicadores de desenvolvimento econômico”, afirma Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral e coordenador do estudo no Brasil.
O professor Arruda destaca, ainda, melhorias nos indicadores relacionados à simplificação dos marcos regulatórios; entre eles está o número de dias necessários para aberturas de empresas (base São Paulo, 20 dias e meio, em 2019, contra 79 dias e meio, em 2018); ou para exportação de serviços ligados a tecnologia da informação (56 dias em 2017 contra um pouco mais de 54 dias e meio em 2016) e, ainda, no crescimento anual do indicador de formação bruta de capital fixo (4,13% em 2018 contra 0,99% em 2017), que sugere uma ampliação da capacidade produtiva futura da economia por meio de investimentos.
Mas a maior parte do relatório apresenta más notícias. “O fator crítico para a competitividade nacional continua sendo a baixa eficiência do governo (62ª), pois todos os seus subfatores (finanças públicas, política fiscal, estrutura institucional, legislação de negócios e estrutura social) se mantiveram relativamente estagnados desde 2017”, informa Carlos Arruda.
O Brasil é o último colocado (63ª) no que se refere ao spread da taxa de juros (taxa média de 32,21% ao ano em 2018, enquanto a média de todos os países pesquisados é de 3,89%), e também está entre os últimos colocados nos diversos fatores relativos ao relacionamento do setor público com o setor privado: compliance dos contratos públicos (62º), burocracia (62º), equidade de oportunidades (62º), e balanço das contas governamentais (62º), corrupção (58º), transparência (51º). Já dentre as práticas gerenciais (57ª), o país está entre três piores do mundo nos diversos indicadores de produtividade: 56º no indicador de produtividade total, ajustada à paridade do poder de compra USD 32 900; 59º no indicador de crescimento da produtividade - 0,38% em 2018, contra uma média de 1,36% dos países pesquisados; 52º no indicador de produtividade do trabalho (USD 18,18 por trabalhador por hora). Nos diversos indicadores de sofisticação da gestão, o Brasil aparece apenas entre os 10 países menos competitivos do relatório.
No indicador de agilidade (57º), no uso de big data e analytics (60ª), e na capacidade de se antecipar às mudanças no mercado (55º). Cabe destacar que o Brasil aparece na 9ª posição no indicador que avalia o percentual de mulheres na gestão (38,89% em 2017). No relatório de 2019, apesar dos avanços nos indicadores de infraestrutura básica (ganho de três posições ocupando agora o 52º lugar), o Brasil continua entre os países menos competitivos do mundo em todos os subfatores de infraestrutura, que inclui, além da infraestrutura básica, a infraestrutura cientifica e de tecnologia, educação e saúde.
Sem mudanças significativas em relação a 2018, o país se caracteriza pelo significativo percentual de investimento em educação (6,2% do PIB, ficando na 10ª posição), pela boa produção cientifica (53.607 artigos científicos publicados por pesquisadores brasileiros em 2016?, ficando na 12ª posição), mas pela baixa qualidade da educação seja ela medida por testes internacionais (nota média de 389 nos testes PISA, no 56º lugar; nota media de 87 nos testes TOEFL, 42º lugar), nos índices de avaliação das universidades (11,95 pontos no Times Higher Education Univesity Ranking ficando na 42ª posição) ou pela avaliação dos entrevistados para este relatório de competitividade (nota 2,27 em 7 ficando na 62ª posição).
O Brasil, precisa avançar, que poderá fazer com que o país avance é o seu povo. As disputas ideológicas devem existir, os conflitos devem existir, mas acima de qualquer conflito, devemos construir pontes, diálogo, ter a serenidade que o século 21 exige.