OPINIÃO

Nem anjos, nem demônios

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Neste tempo de feira do livro há muitas sugestões como, por exemplo: Segredos À Direita e À Esquerda na Ditadura Militar (José Mitchell), Mandela (Christo Brand), O Mundo da Escrita (Martin Puchner) e Nem Anjos, Nem Demônios (Mario Sergio Cortella e Monja Coen)...


Neste último há a inteligente discussão entre filosofia oriental e ocidental à cerca da humana escolha entre virtudes e vícios. Então, temos o seguinte: sempre se fala na imensa responsabilidade sobre o que se define sobre livre-arbítrio ou livre-escolha...que o destino é a gente que determina e...coisital. Muitos neurocientistas afirmam que o livre arbítrio, ou seja, a condução absoluta dos nossos passos não ultrapassa a 5% e que 95% do que fazemos conscientemente ou imaginamos fazer vêm da genética e da ancestral experiência dos DNAs que nos compõem. Em outras palavras somos escravos de um programa e deliberamos pouco sobre nossas atitudes e o produto final, virtudes ou vícios, têm a carga da ancestralidade. Se isso nos redime de delitos é para discussão heterogênea e complexa. Na prática, se disponho de 5% de livre-arbítrio, deveria usar a vontade de potência de Niesztche ou Clovis de Barros Filho para tornar nossos mundos ou minimundos consistentes e de belezas infindáveis ao ponto de provocar ciúmes. Não deve ser difícil a construção de ambiente saudável dentro das nossas casa, ambiente de trabalho ou ambiente social. Então, o quanto a gente é anjo ou demônio de forma absolutamente consciente? Será que temos força no taco?


Outra incógnita é a sobre a glândula epífise ou pineal também denominada de terceiro olho (embora alguns bagaceiras achem que terceiro olho é outra coisa) que fica entre os olhos na profundidade do cérebro. Dizem que é a sede orgânica da conexão da biologia com a espiritualidade. Dizem que é a sede da alma, essa energia capaz de movimentar o nosso corpo e de dispor ao mundo toda sua versatilidade. Sabemos pouco e, por isso, busquemos a leitura. Sonho em um caixão de defuntos repleto de livros ao invés de flores, sonho em morrer numa biblioteca ou livraria com todos os livros que não li caindo sobre minha cabeça. Como já escrevi certa feita, tenho saudades das ruas por onde nunca passei (Mário Quintana) ou ainda hei de encontrar os rastros dos versos que não cantei (Jayme Caetano Braun).


Então, voltando para a terra, Onyx declarou que o projeto da reforma-ampliação de nosso minúsculo aeroporto estava cheio de falhas. Ah, tá!!! Só viram agora ou somente divulgaram agora, depois de meses de expectativas e evasivas. Pensei da gente formar um mutirão para arrumar as descargas dos banheiros e arrumar as portas do Lauro Kortz e filmar para esfregar em quem promete e não cumpre. Quem promete e não cumpre diz que ao prometer usou todo os 5% da capacidade de deliberar, mas foi vencido pelos inesgotáveis 95% de forças contrárias ao desejo manifesto. Resumindo, não se pode condenar um político escravo da ancestralidade porque prometer e não entregar parece vir de muito tempo, desde que o homem é homem.

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