OPINIÃO

Dandara e Zumbi dos Palmares

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Lembrar o nome de Dandara como heroína negra de nossa pátria é preito justo e sagrado. Ela morreu em 1694, como líder libertária do país que vivia a maior vergonha mundial, e transpôs os umbrais da história para se tornar cada vez mais a legenda da liberdade. Esposa de Zumbi dos Palmares liderou escravos rebeldes nos momentos mais cruéis e infames de nossa história social. Hoje, quando celebramos o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) é necessário que a vejamos como memória fulgente ao lado de Zumbi, referência de dignidade pela longa luta emancipatória. A mais profunda causa igualitária também de tantos heróis negros, que não se apagou, está cada vez mais viva e ardente no coração e na coragem dos que não se dobram à vilania da discriminação racial. Na participação ativa de todos os momentos da vida em sociedade vemos valores imensos na busca do saber, da resiliência, beleza e arte, que carregam o ideal igualitário. Para todos nós é preciso lutar a fim de não perdermos tantas riquezas de fraternidade. Há o silêncio aparente dos que creem nos dias melhores diante de enormes evidências de que não podemos adiar o olhar fraterno, impulso capaz de revelar a felicidade de todas as raças ou cores com base no respeito. A descendência negra está escrevendo e lendo a própria história para definir a inexorável transformação para o bem.


Neoliberalismo
É praticamente certo que novas medidas serão tomadas pelo governo federal visando apertar a vida do brasileiro. Várias iniciativas ganham esboço na esteira da recessão necessária. Mas, observados rumos apontados, são identificados aspectos articulados que resultam no aperto da classe trabalhadora. O projeto menciona várias opções, como extinção de pequenos municípios, e demais propostas para sua implantação. Isso é discutível. Outros arrochos, porém, começam pelo reducionismo da própria Constituição, visando destituir conquistas democráticas no campo social e trabalhista.

 

Empresas isentas
Vejam o caso do anunciado programa emprego para faixa etária de 18 a 29 anos. É anunciada verba de 40 bilhões. A criatividade neoliberal aponta como recurso orçamentário simplesmente o desconto deduzido do auxílio desemprego. O que fica garantido é o benefício, na isenção das contribuições das empresas. Várias ações, de aparente lógica financeira. Tudo é encargo para pobres assalariados. Nenhuma proposta bombástica aflige os salários públicos exorbitantes. Sabemos que temos que pagar a crise. Já estamos sentindo. Mas os bancos e remunerações públicas caríssimas?


Lula mais livre
Não se sabe por quanto tempo ainda o ex-presidente Lula poderá andar pela rua em estado de liberdade. Os olhos de adversários fanáticos enxergam o fato inflamados pelo ódio, sem admitir sua soltura. Foi a interpretação favorável ao direito de não ser preso até o trânsito em julgado, mesmo condenado em segunda instância. Aliás, a versão definitiva do texto constitucional adotou o princípio “in claris cessat interpretatio” (sendo claro não há o que interpretar), como foi citado na sessão do Supremo em referência ao hermeneuta Carlos Maximiliano. Por maioria a Suprema Corte entendeu que a Constituição é suficientemente clara.

 

A paranoia
Sempre imaginei que o espectro repressivo, em meio às dúvidas disseminadas sobre a condenação de Lula, e sua prisão, suscitasse um sentimento de comiseração. A incitação sob a ideia de injustiça (propagada) gerou a paranoia Lulista. Assim, preso, parecia mais propício ao papel de vítima. Acontece que a paranoia de ódio adverso mantida contra Lula fez dele incrível evidência. Assim, o fanatismo bolsonarista parece maior que a saga lulista. Este cotejo mantém o ex-presidente solenemente visível. A menos que esta estranha acolhida do destino político venha a ser cama de Procusto.

 

DPVAT
A extinção do DPVAT a partir de 2020 atinge interesses particulares do presidente do PSL Luciano Bivar, sócio da Excelsior, a maior seguradora do Nordeste. Resta saber como ficarão as vítimas e o SUS, nos atendimentos.

 

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