O segundo dia de greve dos professores estaduais do Rio Grande do Sul teve a adesão de pelo menos 27 escolas em Passo Fundo. A suspensão das aulas acontece de maneira integral, por tempo indeterminado, em cerca de dez educandários. Em outros, as aulas estão mantidas de forma parcial, durante meio turno. De acordo com o diretor do 7° Núcleo do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato), Guido Lucero, somente duas das 29 escolas estaduais instaladas no perímetro urbano do município mantiveram as aulas sem qualquer alteração. Uma nova assembleia está agendada para a próxima terça-feira, em Porto Alegre, quando a categoria deve voltar a debater os rumos da greve.
Conforme levantamento do Cpers, as escolas que aderiram à greve de maneira total são: Protásio Alves, Cecy Leite Costa, Nicolau Araújo Vergueiro (EENAV), Jerônimo Coelho, Anna Luísa Ferrão, Ernesto Tochetto, Gervásio Annes, Daniel Dipp, Lucille Fragoso de Albuquerque e o Colégio Tiradentes da Brigada Militar. Outras, como a Joaquim Fagundes dos Reis, Adelino Pereira Simões e Anna Willig decidiram manter as aulas de maneira parcial. Ainda conforme Lucero, a escolha pela greve não é unanimidade, mas representa a maior parte dos professores estaduais que trabalham na rede passo-fundense de ensino. “Há professores que não quiseram paralisar e continuam cumprindo horário, mas a maior parte decidiu se juntar à greve. Então, a paralisação inviabiliza as aulas e acaba atingindo praticamente toda a rede, porque não tem como manter as atividades de maneira integral só com dois ou três professores trabalhando”, explica.
A paralisação, que acontece em grande parte do Estado desde segunda-feira, é uma resposta dos professores a um pacote de medidas apresentado pelo governador Eduardo Leite, na semana passada. Denominado Reforma RS, o projeto prevê, entre outros pontos, uma reestruturação de carreira do magistério gaúcho e de servidores públicos de outros setores, visando “o equilíbrio das finanças e o enfrentamento da crise fiscal”, conforme a justificativa apresentada. O Cpers alega, porém, que as mudanças propostas por Leite impactam de maneira negativa o plano de carreira do magistério, agravam a situação do parcelamento e defasagem do salário dos servidores públicos e, ainda, causam o aumento de contribuição para aposentadoria e o fim de vantagens temporais e de incorporação de gratificações para a aposentadoria, sem reajuste por tempo indeterminado.
Calendário escolar
Na Escola Mário Quintana, onde, neste ano, os estudantes ficaram sem aula durante quase três meses devido à interdição dos prédios do educandário, a direção optou por não aderir à greve. A justificativa é de que a paralisação atrasaria ainda mais o calendário escolar. Até o fechamento desta edição, a reportagem de ON não conseguiu contato com representantes da 7ª Coordenadoria de Educação (7ª CRE) para esclarecer como o calendário escolar deverá ser recuperado nas instituições afetadas pela greve.