Muito do que temos e somos na qualificação de ciência, pesquisa, e extensão deve-se a um longo e sério trabalho de estudiosos devotados ao desenvolvimento de nossa pátria. Neste sentido é preciso chamar atenção para a nota expedida pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ) que congrega profissionais ligados à área de química. A entidade desenvolve atuação na pesquisa, educação e aplicação responsável do conhecimento químico. Reúne gama de indispensável valor entre professores, pesquisadores e empresários firmados no conhecimento científico. O Brasil tem boa participação em toda a ciência produzida no mundo (2,9%) – está em 13º lugar entre os países de geração do conhecimento. Neste espaço a área de química é grande contribuição, com destaque para os institutos de química das universidades federais. Das 50 publicações de relevância científica, 49 são públicas e 36 de universidades federais.
Ministro nas redes
Gerou repúdio a manifestação do ministro da Educação Abraham Weintraub, dizendo na rede social que na unidade de Química das universidades federais ocorre o desenvolvimento de “laboratório de droga sintética, metanfetamina”. Não é dado ao ministro, na sua função no primeiro escalão do governo federal, tratar o assunto com tanta leviandade. Caso conheça situação pontual tem obrigação indeclinável de promover a investigação com a Polícia Federal. Jogar a esmo a afirmação é grave leviandade. A nota publicada pela SBQ precisa ser conhecida pela comunidade brasileira. Parece que o processo de diluição ao prestígio de instituições faz parte de concerto perfeitamente identificável entre súditos de Bonsonaro. Minar estruturas democráticas estabelecidas tem sido atos renitentes, mas próprios de agentes que visam autoritarismo, mediante enfraquecimento de instituições sólidas. Não é possível que seja apenas burrice.
Entulho AI -5
Desta vez foi o ministro Paulo Gudes que dormiu com os pés de fora. A ideia fúnebre do AI-5 foi citada na entrevista em que se contrapôs à incitação de Lula à mobilização de protesto. Guedes, depois, fez reparo a si próprio. O problema é que sua menção a ato desta natureza é impróprio à autoridade investida no poder. É ilegal, inconstitucional. “Iratus legem non videt, sed lex videt iratum” (o irado não vê a lei, mas a lei vê o irado). Fala bem mais grave leva Eduardo Bolsonaro a responder por indecoro parlamentar. Lula incitando violência nas ruas também é condenável.
Alta remuneração
A remuneração de deputado no Chile é de 49 mil reais. Entre as causas da revolta que aflige o país está a necessidade de reduzir isso pela metade. No México e no Brasil a opinião popular começa a perceber a distorção.
Escravidão
O escritor jornalista Laurentino Gomes explode nas livrarias com seu primeiro volume sobre a trilogia Escravidão. Representa o crescimento da necessidade de resolvermos a questão do racismo no Brasil. Revisita publicações e ilustrações num percurso jornalístico interessante. E diz: “O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África”.
Como as Democracias Morrem
O best-seller do New York Times “Como as Democracias Morrem” é instrumento de enorme valor informativo, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. Ambos são professores de ciência política da Universidade Harvard. A tradução é de Renato Aguiar. A pesquisa de duas décadas apresenta momentos de turbulência na democracia dos países da América Latina, expondo a escalada do autoritarismo, comparando as trajetórias de Hitler e Mussolini, no surgimento. Aponta o caso de Trump que aprimora o método de rompimentos em relação a “instituições críticas”. As referências acadêmicas apontam a desafetação de valores históricos, solapando estruturas como o judiciário e imprensa, e normas políticas de longa data. A menção à tradição guardiã das democracias aborda o perigo de retrocesso de valores consolidados nos Estados Unidos, na tolerância mútua. O fenômeno incita principalmente o conservadorismo nos demais países da América. A facilitada compreensão da obra e seu caráter atualíssimo propõem inarredável necessidade de reflexão no cenário político e social brasileiro.