OPINIÃO

Escravos morreram pelo Brasil

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Como descreve Juremir Machado da Silva, em sua obra Raízes do Conservadorismo Brasileiro, a compra de escravos para lutarem na guerra do Paraguai foi a manobra sórdida para poupar vidas de brasileiros brancos. Lembra como o Brasil descobriu que a escravidão não deveria ser eterna. O Exército Nacional, então, percebeu que precisava da mão de obra militar para morrer na Guerra do Paraguai. “A morte parecia não cair bem a muitos brancos ricos. Fez-se necessário ajudá-los a sobreviver.” Já em 1865 se fazia piada com o sangue alheio. Foi quando se criou mais uma mentira de que escravos que lutassem na guerra seriam alforriados. Outra mentira do governo: o recrutamento forçado para a formação dos “Corpos de Voluntários da Pátria”. Cada província tinha que contribuir com as cotas de “voluntários”. Quem não quisesse ser cotista, diz Juremir, fugia mas era caçado pelos recrutadores.

Mentira de hoje
O ataque ao holocausto negro que durou 300 anos em nossa história nacional, veio (agora) desferido pelo engendrado presidente da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento de Carvalho. É ele mais uma revelação que oscila entre o títere do conservadorismo e ébrio de tolice. Lança sua fúria insana e desprovida de razão contra a história reconhecida dos ancestrais negros que sofreram e tombaram por liberdade em nosso chão. Este suplício ao pensamento de razoabilidade é mais uma punhalada traiçoeira na sagrada memória de um povo heroico. Vituperou contra as cotas raciais que suavizam o curso de uma história de sofrimento humano, embora não sejam soluções. São latidos de cães que têm seus donos. E não estão sós.

Memória de burro
Tudo o que se produziu no Brasil é fruto do trabalho, inteligência e dedicação do escravo negro em três séculos íngremes para a vida humana. Nossa geração deveria agradecer tantas riquezas que sustentaram matizes brancas. A comida farta na mesa dos patrões, escolas construídas para filhos de senhores de engenho e abundância das lavouras. O tempo ensina, como diz Hernandes: “No te debés afligir/ aunque el mundo se desplome: Lo que mas precisa el hombre/ tener, según yo discurro,/ es la memoria del burro/ que nunca olvida onde come.” (verso – 763).

A memória
Negar a força e o brio da memória secular do povo negro em seu sofrimento é ultrajar o Brasil inteiro. A pátria! E bem bradou o poetastro Castro Alves: “...Mas é infâmia de mais ...Da etérea plaga/ levantai-vos, heróis do Novo Mundo.../ Andrada! Arranca este pendão dos ares!/ Colombo! Fecha a porta de teus mares!”. Assim, como pode, em pleno século XXI, um governo que apregoa hipocrisias de formalismos patrióticos, tolerar tamanha monstruosidade negando uma cultura de virtude e sofrimento, como fez o tal Sérgio, sabujo do autoritarismo?

E o Dante
Algumas figuras políticas lançadas no mercado do governo Bolsonaro desafiam conceitos de sobriedade social. Vejam o que disse o Dante Mantovani, diretor da Fundação Nacional de Artes. Para ele o rock é demoníaco, e outras barbaridades. É uma mistura de teocracia com fundamentalismo religioso. É tão louco isso tudo, que até o diabo leva fama. O problema é que essa gente ganha pra governar o Brasil!


Saneamento
As cidades estão cheias de dejetos subterrâneos que vão brotar nas vilas. Se não andarmos depressa para coletar e tratar o esgoto, vai piorar muito. Na região metropolitana de Porto Alegre foi anunciado programa de saneamento na parceria CORSAN e iniciativa privada. O quanto isso vai dar certo, nem importa tanto, mas o que vale registrar é a urgência das obras. É desumano deixar correr esgoto a céu aberto ou lançar tudo nos riachos da cidade.

Educação
É visível a força da rede escolar municipal. Não é apenas a logística, mas concentração do magistério, por escola de qualidade. A estrutura física e de pessoal coloca Passo Fundo como destaque de gestão educacional.

 

Gostou? Compartilhe