O vereador Renato Orlando Tiecher anunciou, oficialmente, a saída do Partido Liberal Social (PSL) na tribuna da Câmara Municipal de Vereadores de Passo Fundo durante a última sessão plenária ordinária, realizada na tarde de segunda-feira (9).
A dissidência de um dos principais nomes políticos municipais do ex-partido do presidente da República, Jair Bolsonaro, decorreu depois uma crítica pontual ao voto favorável do presidente estadual da sigla, deputado federal Nereu Crispim (PSL/RS), no relatório final da Comissão Mista de Orçamento, na quarta-feira (4), que prevê o aumento no valor destinado ao Fundo Eleitoral.
A revisão orçamentária amplia para cerca de R$ 3,8 bilhões o valor destinado pelos cofres públicos à cobertura de despesas de candidatura registradas no pleito do próximo ano. “Eu não me via em uma situação confortável dentro do partido”, disse Tiecher em conversa por telefone na manhã de terça-feira (10). “A nível de estado, foi a gota d’água. Eu sou um brigador por um Brasil melhor e, neste momento, é imoral ficar no PSL”, prosseguiu. A desfiliação de Tchêquinho é a 11ª recebida pela legenda municipal em menos de um mês, e expõe ainda mais a fragilidade do partido, a nível local, depois do anúncio de saída do presidente Jair Bolsonaro do partido, em 12 de novembro. “Eu sigo o meu presidente”, atestou o vereador.
"Tem mais é que sair porque ele ficou queimado com a Executiva lá em cima"
Francisco Emílio Lupatini, presidente do PSL em Passo Fundo
Embora a saída tenha sido decidida quase em concomitância, segundo o presidente do PSL em Passo Fundo, Francisco Emílio Lupatini, Tiecher ainda não enviou um ofício comunicando o desligamento partidário à Executiva Municipal. “Ele se desfiliou automaticamente e deve saber o que está fazendo. Nós não temos o que comentar”, afirmou. “Quando ele se indispôs com o Nereu [Crispim], tem mais é que sair porque ele ficou queimado com a Executiva lá em cima [falou em alusão às comitivas estaduais e nacionais do PSL]”, ponderou ainda Lupatini.
Cinco partidos em sete anos
Com a saída recente do PSL, o vereador acumula cinco trocas de partido em cerca de sete anos de vida pública. No período de ingresso na política local, em 2012, Tchêquinho foi eleito pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), substituído no ano seguinte, 2013, com a criação do Solidariedade (SD). Nas eleições municipais de 2016, a instabilidade partidária de Tiecher foi amenizada por uma reeleição pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), que chegou ao fim em março deste ano com a expulsão do parlamentar por uma incompatibilidade ao estatuto da sigla, que vetava a manifestação e apoio público de filiados a candidatos de ultradireita.
Bolsonarista, Tiecher filiou-se ao PSL em maio quando iniciou a militância e representação do partido durante as sessões plenárias da Câmara de Vereadores. Com a saída encaminhada, segundo ele, os oito minutos destinados às manifestações partidárias semanais no debate político local não serão ocupados na tribuna para os fins deliberativos. “O PSL, para mim, é como o PT, PSOL e esses ladrões aí”, declarou.
O vereador aguarda, agora, os pareceres para a conversão da organização política Aliança pelo Brasil em partido político, que esbarra na coleta de assinaturas para o reconhecimento formal da sigla junto à Justiça Eleitoral. “É um risco que eu corro de não concorrer no ano que vem”, analisa o vereador. Caso não haja tempo hábil para a criação da legenda e filiação, Tiecher alega buscar um partido “mais alinhado possível” com o presidente Jair Bolsonaro.