Dizem por aí que vida só tem sentido naquelas pessoas que a vêem como ideia ou plano, vida de propósitos, sentido direcionado, nada ao acaso. tipo ações programadas, friamente calculadas que se não for para realizações que seja para fugir das decepções ou dos desencantos. Dizem até que a falta de ideia ou de propósitos é denominada de alienação, que é , segundo Hegel (filósofo idealista alemão falecido em 1831), tudo aquilo que se faz sem que se compreenda a razão, tipo fazer por fazer, tipo reflexo medular, tipo reação mecânica como por exemplo, evitar pedintes nas ruas porque "eles enchem o saco".
O cara disse que estava almoçando no restaurante ao lado de uma janela e um mendigo estava postado do lado de fora, naturalmente, olhando para o prato cheio e, perturbado por não poder "almoçar em paz" pediu que o mendigo fosse retirado. Talvez nunca tenha lhe passado ao pensamento sobre as necessidades do outro. O reflexo medular acontece por instinto ou repetição de condutas. O sujeito está num estádio de futebol e chama os torcedores da torcida oposta de "viado, viado, bicha, bicha"; Talvez jamais diria isso se estivesse só, não seria de sua índole. Mas, no inconsciente coletivo, o faz talvez por um comportamento pontual de alienação, ou de fazer sem compreender o porquê.
Passamos boa parte da vida tentando provar a nós mesmos que somos especiais- fora-de-série ou fugindo de estereótipos. Vivemos a angústia de buscar a individualização num mundo em que somos seres sociais ou que pertencemos a um tecido social e, portanto, partícipes daquela ideia do grupo. Somos daquela turma e pronto.
Muito do que fazemos vem para atender ao sistema cerebral primitivo, o sistema límbico, aquele das necessidades vitais, aquele que nos protege e que nos comanda à reação instintiva. Se somos reativos, passivos ao invés de proativos significa que a ancestralidade ainda impacta demais e que não somos donos de nossas ações da maneira como que poderia ser.
Quando buscamos a diferenciação individual talvez seja por uma necessidade imperiosa de tentar nos enxergar fora de nós mesmos, libertos dos impulsos e comandos selvagens do animal que nos habita. A fuga do padrão patológico da sociedade doente por repetidos e insistentes atentados ao ser humano ou pela indiferença, a necessidade de "extradular" ou de sublimar atende a algo maior que responder ao límbico. Atende a necessidade de equilibrar com o espírito ou alma, aquilo tudo que lemos algum dia em Moisés, Jesus, Buda, Ghandi...esses carinhas aí, desconsiderados na maioria das ações individuais ou coletivas do mundo moderno.
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