No entre festas
Estamos no período das festas. Aliás, mais precisamente, de entre festas. São dias diferentes, mexem com o emocional e o comportamental. Ficamos mais bonzinhos e mais sensíveis. É claro que há uma confraternização coletiva e um grande desejo em comemorar. No supermercado observo que surgem ‘experts’ dando dicas de culinária, pois nesses dias todos temos as nossas receitinhas especiais. É claro que também procuramos por um espumante que, me perdoem os franceses, continuo chamando de champanhe. Enfim, vivemos um festivo encanto contagiante. Papai Noel existe e dividimos a felicidade que brota no brilho dos olhos das crianças. Mas a moeda da comoção também tem outro lado onde estampa o sofrimento. Na delegacia de polícia, além dos registros de alguns exageros etílicos e suas perigosas consequências, presenciei uma senhora chorando com uma criança no colo. Não afinei meu ouvido de repórter, pois minha curiosidade foi abafada pela tristeza daquele quadro. Certamente, era em consequência de mais um atrito familiar nesses dias de oscilações emocionais. É quando também estão à flor da pele a ignorância e a intolerância. Poxa, na véspera de Natal, ao invés de captar a felicidade coletiva, meus olhos registraram as lágrimas produzidas pela idiotice do ser humano.
Este final de ano, inusitadamente, chegou carregado pelo ranço azedo da política. A insanidade anda alta na vida pública brasileira, criando uma divisão onde não há mais debates e o diálogo foi substituído pelo radicalismo. Ou você é a favor ou é contra. Basta uma singela manifestação e lá vêm os rótulos disso ou daquilo. Na prática vivemos a volta do bipartidarismo. Essa fenda, fruto da ideologia sem lógica e sem cérebro, atingiu de forma contundente às famílias. Há situações em que as consequências ficaram expostas nas festas de final de ano, afastando familiares da mesa e diminuindo taças na hora de brindar. Irmão não conversa mais com irmão, pai e filho já não sentam na mesma mesa. O pior é que não temos duas vertentes políticas, pois vivemos a papagaíce da deturpação, alardeando raiva e atropelando a coerência. Assim como os cavalos que puxam carroças, as pessoas estão usando antolhos para não olharem para os lados. São antolhos internos, embutidos pela doutrinação do exercício repetitivo de palavras de ordem que conduzem ao ódio. Exagero meu? Ora, faça um teste. Diga que você é a favor ou contra. Pronto, está montada a confusão. Que triste retrocesso! Então, tomara que em 2020 a gente não tenha que ouvir tantas besteiras e impropérios como escutamos neste ano. Que reine o bom senso e que a cisão dê lugar ao entendimento. Música boa, pois chega de porcaria né? Muita arte, educação, pesquisas, debates, tolerância e respeito. E, por que não, uma vacina contra o ódio? Ora, que a vida deixe de ser uma chatice e o mundo volte a ser uma bola.
Clube do Samba
Passo Fundo tem roda de samba, sim senhor! A turma está no enredo do Clube do Samba, ponto de encontro do ritmo brasileiro. Na semana passada fui ao Rito Espaço Coletivo, onde o mestre-sala, anfitrião, pizzaiolo, cantor e instrumentista Ricardo Pacheco montou um grande encontro. Talentos e mais talentos. Espero não deixar ninguém de fora: Odorico Ribeiro, Paulinho Saggiorato, Maikon Varela, Ghedi do Bandolim, Alfredo Castamann, Seu Lopes, Crys Wander, Edu Costa, Mestre Nelson Ribeiro, Jandara Rebelatto, Luís Ogro e, ainda uma palinha com Ronaldo Saggiorato. Tive o privilégio de apresentar a querida Renata Bruggemann, cantora passo-fundense que veio de São Paulo. Valeu. Por causa do samba, é claro.
Trilha sonora
Um grande encontro da música brasileira. Marisa Monte e Paulinho da Viola - Dança da Solidão
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