OPINIÃO

Os primeiros tempos no olhar de um jovem imigrante

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Todos os documentos elaborados pelos servidores do Estado, representado na Colônia Erechim pelo escritório da Comissão de Terras, são fontes primárias para a pesquisa histórica. Elas revelam os aspectos formais como o número de imigrantes que chegam ou se retiram da colônia, a quantidade de lotes medidos, ocupados ou não, despesas efetuadas, edificações e estabelecimentos abertos. Ou ainda os nascimentos e óbitos do período, impostos arrecadados...

 

Após a emancipação de Erechim em 30 de abril de 1918, a administração municipal passa a ser a gestora da sede e demais localidades que integram seu território. No Arquivo Municipal de Erechim, toda a documentação das primeiras sete décadas tem sido utilizada como fonte para pesquisa. E a documentação não oficial? Tão importante quanto às elaboradas pelo poder público, as correspondências de particulares e empresas, diários, livros contábeis e periódicos, como jornais e revistas, são subsídios indispensáveis para a construção da história.

 

 

No ano de 1949 a tipografia Meier & Blumer, instalada na Rua Santos Rodrigues, 249, na cidade do Rio de Janeiro, imprimiu uma obra intitulada “Colonos na Selva – Imigrantes como Agricultores”. Na página 5, o autor dedica o trabalho “a minha boa e inesquecível mãe, Maria Weiss”. Nas 155 páginas e 24 ilustrações, João Weiss conta a saga da família que no ano de 1912 embarca no navio “Martha Washington”, no porto de Trieste, no então Império Austro-Húngaro tendo como destino o Brasil.

 

Os motivos que levaram Johann, o patriarca da família Weiss, a esposa e os três filhos, dentre os quais o autor a abandonar a cidade de Munich, é revelado no início da obra. Do mesmo modo as agruras da travessia, a chegada a Ilha das Flores, passagem obrigatória para os imigrantes, e a viagem para o Porto de Rio Grande. Não menos dramática a jornada seguinte até a plataforma da Estação Erechim, de onde foram conduzidos até a sede da colônia para finalmente serem instalados numa área de 25 hectares.

 

A vida da família Weiss que passou a se dedicar a agricultura, é relatada em detalhes. Além das dificuldades diversas, enfrentadas também por outras tantas distribuídas pelo chamado Sertão do Alto Uruguai, que até 1918 integrou o território do município de Passo Fundo, e a descrição do cotidiano da vila Erechim (atual Getúlio Vargas) e ainda de Barro (hoje Gaurama) e Marcelino Ramos, onde João Weiss recebeu a educação formal para mais tarde embarcar rumo a Porto Alegre para cursar Direito.

 

Indispensável para quem se debruça na tarefa de escrever sobre a história regional, Colonos na Selva é considerado um clássico. Sintetiza a vida de centenas de famílias que entre a década de 1910 e 1930 transformaram a região na maior produtora de alimentos do RS.

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