OPINIÃO

Água que alimenta está morrendo

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A questão universal do saneamento aflige assustadoramente a maioria da população do mundo (pobres) e afeta direta e indiretamente a todos. Os cientistas alertam sobre o efeito cumulativo das cidades. É mais visível nas águas correntes que se transformaram em espelho da turbidez mórbida, banindo as formas de vida tão ricas e belas deste essencial recurso natural. No princípio, o córrego teve seu leito e margens como regaço acolhendo os desbravadores na formação dos lugarejos, com a pesca, sombra das árvores, transporte, ar puro e água para beber. Bases de vida maravilhosa para o homem desenvolver sua agropecuária e formar suas cidades. No passar dos anos perdemos o zelo pelas principais fontes de sobrevivência. A cidade cresceu e deixou de lado o imprescindível zelo conservacionista. A indiscriminada exploração do campo menosprezou a sintonia que mantinha a flora e fauna, ferindo o que é mais precioso e gratuito: a água.

Perigo da poluição


O desastre de solo e água afeta a saúde das famílias ao mesmo tempo. As moradias sem o devido saneamento constituem-se em obstáculo opressor para o cotidiano. Mau cheiro, mosquitos e a proliferação de doenças sofrem efeito cumulativo destruidor das condições mínimas para o desenvolvimento das pessoas e comunidades. Joga-se tudo e mais um pouco nos córregos. Os rios que cortam a cidade carregam os lançamentos de fezes e até lixo hospitalar. As águas barrentas, como no Rio de Janeiro chegam densas e apodrecidas no que fora remanso de captação para o abastecimento. A natureza exibe sua exaustão.

 

Truques das hidráulicas


O pedido de socorro do rio vem tetricamente em cores estranhas no lodaçal e fumos sombrios de lágrimas em vez de brumas cintilantes. Voltando às águas, elas passam pelos tanques químicos, truques das hidráulicas, para resolver o caos. Já não raras as decepções das donas de casa acostumadas a ver os pingentes cristalinos rondando as bicas ou torneiras, que agora exalam mau cheiro e gosto ruim. Cargas generosas de carvão ativado socorrem a sede e fome. É feroz a luta contra a poluição! Metais pesados e um mar de dúvidas criaram o descrédito na mais viva fonte de vida, que até bem pouco corria alegre pelo leito do rio.

 

Sem saneamento


Quem vive numa casa, como são muitas, em que o saneamento do esgoto é precário, sofre o massacre matutino. Sai para a vida, para o trabalho, depressivo, sem o sugestivo asseio ambiental. É imoral a falta de saneamento no mundo todo e bem grave no Brasil.

 

Nascentes


No começo dos anos 70, um grupo de jovens, voluntários, alertava a cidade para os riscos, caso não se preservasse a água e a mata ciliar. Muitos, que até se achavam cultos, zombavam dos movimentos. Esses bravos, que até hoje atuam, foram verdadeiros missionários da vida. Graças a eles, taxados de intrometidos e malucos, muito foi preservado, para a felicidade e dignidade de nossa gente. Na verdade é preciso mais severidade ainda, ante o galope da degradação que muitos querem justificar em nome de um falso progresso. Na nossa visão de leigo, podemos dizer que Passo Fundo é privilegiado pela abundância e preservação de suas nascentes. É tesouro enorme, o mais precioso para ser guardado.

 

O sinistro Guedes 

O ministro Paulo Guedes da Economia ia bem, em Davos, apresentando o Brasil como proposta de investimento. A observação, no entanto, de que o meio ambiente é desrespeitado no Brasil pela pobreza, para sobrevivência, não deu certo. Sinistro! A mineração criminosa, desmatamento com poderosos equipamentos e frotas de caminhão, grilagem de grandes glebas, etc, não é coisa de pobre, ministro! Que coisa essa de executivos de Bolsonaro usarem a forma tipo “desprezado paspalhão” para falar de economia e política. Será que Guedes foi contaminado pela paranoia do racismo, nazismo e toda essa onda esdrúxula?

 

 

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