A prefeitura de Passo Fundo investiu R$ 850 mil no ano passado para comprar produtos da agricultura familiar que integram o cardápio da merenda escolar da rede municipal de ensino. Frutas, verduras e alguns produtos orgânicos como arroz, feijão e açúcar fazem parte da cesta de alimentos comprados de agricultores que integram seis pequenas cooperativas de Passo Fundo e região. O município compra cerca de 30 toneladas de alimentos todos os meses incluindo os não perecíveis e, além das escolas também fornece para casas de apoio e Semcas.
O processo que começou a ser mudado há mais de cinco anos não é impositivo. Ao contrário, segundo explica o secretário da educação Edmilson Brandão, ele é participativo. Depois de realizarem suas consultas internas, as escolas demandam os alimentos que desejam para compor a merenda. E seguindo os critérios que norteiam o programa que priorizar a segurança alimentar (qualidade dos produtos) nutrição (para evitar sobrepeso e obesidade) e incentivo à agricultura familiar, estes alimentos são enviados para os educandários. Os cardápios são montados pelas cantinas.
A valorização dos profissionais que preparam os alimentos é outra estratégia do programa. Eles recebem formação e são motivados a participar de concursos como o Merenda Chef. As intolerâncias também são observadas pela equipe e cardápios especiais são montados para atender essas especificidades. Entre as mais comuns estão as intolerâncias a lactose ao glúten .
Protagonismo
A nutricionista Kely Szymanski Araújo, única representante do RS no Conselho Federal de Nutrição, é responsável por supervisionar o programa. A merenda escolar é regida por normativa federal, mas cada município tem autonomia para regulamentar o serviço. Segundo Kely, a Secretaria de Educação prioriza o protagonismo das crianças. “Todos os alimentos passam pelo teste de aceitação, sempre priorizando a nutrição”, disse. Isso significa dizer que a merenda escolar da rede municipal já avançou na redução de açúcar, sal, produtos processados e gordura, ao ofertar alimentos frescos e produzidos localmente. Esse processo tem repercussão na saúde das crianças que vem sendo observada, por exemplo, através do uniforme escolar que é entregue todos os anos para as famílias.
Em 2015, o município foi reconhecido pela FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, por sua interação com agricultores familiares.
Mais novidades
Atualmente cerca de 100 unidades municipais, entre as 73 escolas, mais casas de acolhimento e a Semcas desfrutam da qualidade destes alimentos. O secretário Edmilson destaca que ações como o incentivo do cultivo de hortas em algumas escolas como a Rita Sirotski, integram o processo de educação alimentar das crianças. “Elas plantam, colhem e comem produtos saudáveis”, disse.
Para este ano, a intenção é ampliar o número de hortas e uma delas será comunitária. Será instalada numa área de 2,5 mil m² ao lado da nova escola do Bairro Santa Marta. O cultivo será em parceria com a comunidade, via Associação de Moradores. O que for cultivado ali, será utilizado pela escola e moradores.
Outra proposta que deve se viabilizar no decorrer do ano é a instalação da Central de Distribuição de alimentos, uma forma de incentivar a produção urbana de alimentos.
Cantinas
Em vigência desde o ano passado, Passo Fundo também dispõe de uma legislação que proíbe a comercialização de alimentos considerados prejudiciais à saúde, como refrigerantes e outros comestíveis com alto teor de açúcar ou sal nas cantinas das escolas. O projeto é de autoria do vereador Saul Spinelli.