Cotidianamente ouvimos que tal pessoa tem tantos “seguidores”. Os números variam de alguns para milhões. Encontramos milhares “digital influencer” atuantes nas mais diversas redes sociais e em todas as áreas da sociedade. Em toda a história da humanidade sempre houve influenciadores que geraram seguidores. A era digital potencializou a possibilidade de contatos e acessos.
A liturgia católica está no início do Tempo Comum. É o período litúrgico onde se lê, reflete e reza o início das pregações de Jesus até a sua paixão, morte e ressurreição. O texto deste domingo (Mateus 4,12-23) relata Jesus convidando pessoas, chamando-as pelo nome e convidando-as para o seguimento. “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”.
O que é seguimento? Onde pretende levar? Qual a relação entre o “influenciador” e o “seguidor”? Seguir alguém tira a liberdade e a autonomia? É possível cada um ter um caminho totalmente autônomo? Abre-se um espaço para inúmeras perguntas.
O cristianismo inicia com um convite de Jesus Cristo: “Segui-me”, “vinde a mim”. É uma proposta que é pessoal e direta. Dizer “sim”, significa “converter-se”, voltar-se a quem está convidando, colocar-se no caminho proposto. Segue-se ele para se tornar como ele é, vive, pensa e age. Assume-se as consequências da opção.
A fé cristã não é antes de tudo uma doutrina ou uma prática: é relação pessoal com Jesus, uma relação de amor. É permanecer com, ficar ao lado. Silvano Fausti, comentador do Evangelho de Mateus diz: “O amor se exprime em ouvidos que escutam, olhos que veem, pés que seguem, mãos que tocam, faro que cheira, boca que saboreia, coração que canta, é o centro do cristianismo”.
No convite para o seguimento está embutido a proposta de um “caminho” que leva a produzir frutos. Eles são a última prova se escolha foi certa ou não. Cristo propõe-se como o caminho e convida os seus seguidores a fazerem as mesmas vivências.
A chamada dos apóstolos começa em duplas até formar um grupo, que vai crescendo, até constituir uma multidão. Esta metodologia aponta para a fraternidade, para viver e conviver com os outros nas mais diversas situações. Nos últimos séculos tivemos uma valorização do indivíduo, com seus direitos e liberdade, mas que, em muitas situações gerou virou um individualismo. Viver de forma individualista é matar a terra.
Isto também acontece com os seguidores de Jesus Cristo que foram convidados para viverem em comunhão e união, mas agem de forma individualista. Na 1ª Carta aos Coríntios 1,10-17, São Paulo reclama das divisões internas da comunidade geradas pelo seguimento das pessoas erradas. Isto é, os fiéis seguem os pregadores e não seguem Jesus Cristo. Ele é a causa e a fonte da unidade.
Jesus que transformar os seus seguidores em “pescadores de homens”. O pescar um peixe é matá-lo e utilizá-lo em proveito do pescador. O “pescador de homens” faz o movimento inverso, a tarefa é salvar o homem, doar-se por ele ou até morrer por ele, como fez Jesus.
Não faltam influenciadores digitais e outros convidando para o seguimento. Também Jesus nos chama pelo nome e convida a segui-lo. A escolha é minha, é tua.