OPINIÃO

Teclando

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A restauração da mídia

A mídia não vive sem publicidade. As novas mídias foram além e abusam com propaganda explícita e implícita. Até certo ponto isso é justificável, porque, sabemos muito bem, a manutenção dos serviços exige recursos. Mas, além desse aspecto, há uma metodologia que considero pouco ou nada ética. São armadilhas que conduzem para caminhos que não procurarmos. Sabem aquelas chamadas que aparecem nas cercanias dos textos, inclusive de grandes veículos? Ou, então, as intermináveis inserções espalhadas entre parágrafos? Geralmente elas surgem em tom análogo ao que estamos lendo e, assim, quem não estiver muito ligado acaba clicando. Já ao lado, ou no final das verdadeiras notícias, surgem chamadas excessivamente chamativas. Algumas têm cara de informação séria. Outras são pura apelação. Vão dos alimentos perigosos aos que podem ser milagrosos. Ora, são iscas que atiçam a preocupação com a saúde para atrair curiosos leitores. Outras artimanhas das novas mídias mostram fatos horripilantes, informações sem a mínima importância ou de suposta grande relevância. É claro que não faltam propagandas com a já surrada expressão ‘você nunca mais será o mesmo depois disso ou daquilo’.

É óbvio que abundam idiotices sobre pseudopersonalidades. Bem piores são aquelas propostas para conhecer os 30 ou 50 superlativos em alguma área. Então, para saber quem são os melhores, você acaba clicando. E, assim, entra numa sequência para clicar 30 ou 50 vezes para ir adiante, num passa e repassa interminável. Mas a criatividade (ou falta de) é fantástica. Na semana passada esbarrei com a chamada “bariátrica em cápsula ajuda mulher a restaurar casamento”. Uau! Aí vamos por partes. Primeiro fiquei na dúvida para saber se a bariátrica em cápsulas requer anestesia ou não. Agora não sei e nunca vou compreender o que significaria a suposta restauração de um casamento. Conheço dissolução e até mesmo casos em que o casamento foi salvo. Porém, restaurado é um tanto estranho. Restauração me leva a pensar em dentes obturados. Mas, dentro desta milagrosa proposta, se o casamento for antigo a restauração seria em amálgama? Ou é em resina acrílica? Ou nesse casamento já caberia uma prótese? Em casos mais graves poderia ser um implante? Enfim, como seria um casamento restaurado? Exige manutenção? Requer cuidados especiais? Ora, fiquei aqui restaurando neurônios para compreender esse remendo.


Nossas ratazanas
As ratazanas estão por aí. Dependendo do habitat são silvestres, urbanas ou políticas. As silvestres abandonam o campo e vêm para as cidades. Algumas urbanas, cruzadas com raposas, transformam-se em políticas. Mas observo mais as urbanas. São de boa origem, da família Rattus Norvegicus, e encontram-se plenamente adaptadas ao modus vivendi de Passo Fundo. São urbanas, pois adoram o movimento do centro da cidade. Ainda trazem hábitos do campo como, por exemplo, as tocas que habitam na Praça Marechal Floriano e nos canteiros da Avenida Brasil. As ratazanas são espertas e agem pela preservação da espécie. Algumas, porém, já têm uma ginga de malandragem. Tanto que na madrugada frequentam um restaurante. Muito bem nutridas, são enormes e assustam quem passa na Moron entre a Chicuta e a Sete. E, mais um detalhe, é bom não esquecer que a proliferação das ratazanas é geométrica.

Iracélio
Época de férias e as operações do Iracélio ficam restritas ao transporte, que também anda devagar. “Se quiserem eu posso levar uns aí para bem longe. Vontade não falta”, esbraveja o Turcão louco por uma confusão. Ah, Iracélio não toma jeito. Toma cerveja.


Trilha sonora
Aproveito uma dica das sempre preciosas postagens do colega e grande crítico musical Juarez Fonseca. Faixa do álbum lançado em 1973 pelo fantástico saxofonista e compositor argentino Gato Barbieri: India
Use o link: https://bit.ly/38XbZXd

 

 

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