Essa semana o saiu nas redes sociais uma análise da performance politica e das possibilidades dos pré-candidatos à prefeitura de Passo Fundo feita pelo jornalista Polibio Braga. Imediatamente começou a circular um desejo de que tivesse, o futuro prefeito, as características de probidade semelhantes aos do prefeito da cidade de Colatina (Espírito Santo), o senhor Serginho Meneguelli do então PMDB (olha como também tem gente boa nesse partido). É que ele divulga imagens na rede, em que aparece em ações sociais em favor dos desfavorecidos, com a mão na massa, pintando casas, ajudando a erguer paredes, destinando seus proventos às causas sociais.
Beleza, queremos um cara assim para conduzir os destinos da cidade. Alguém da análise de Políbio se encaixaria nesse perfil?
Então, recolhi-me ao livro quase desconhecido de Alberto Carlos de Almeida intitulado A Cabeça do Brasileiro, publicado em 2007 e adquirido pelo signatário em agosto do mesmo ano. Na época o autor era colunista do jornal Valor Econômico e professor da Universidade Federal Fluminense e realizava uma pesquisa mensal sobre consumo, economia e política através do Pulso Brasil da Ipsos Public Affairs. Foram realizadas 2363 entrevistas nas cinco regiões e sorteados 102 municípios de maneira aleatória em que foram consideradas respostas das 27 capitais e outras 75 cidades. A pesquisa foi feita no ano de 2002.
O livro (resultado da pesquisa e criticado-elogiado na mesma proporção) conclui que grande parte da população tem escolaridade baixa e que obedece às seguintes características: apoia o jeitinho brasileiro, é hierárquica, é patrimonialista, é fatalista, não confia nos amigos, não tem espírito público, defende a lei de Talião, é contra o liberalismo sexual, é a favor de mais intervenção do estado na economia e é a favor da censura. Assim pensava a fatia maior dos entrevistados há quase 20 anos. O conservadorismo dos costumes e o repúdio à extorsão escancarada dos cofres públicos e a criação criminosa da universidade panfletária onde 90 por cento dos professores das ciências humanas são de esquerda empurraram o candidato Jair Bolsonaro, evitado por quase todos os partidos, a se eleger num partido nanico criado apenas para acolher sua candidatura. O Brasil conservador apenas esperava alguém conservador, alguém novo, com discurso forte que desbocadamente dissesse o que se gostaria de dizer e ele surgiu na figura do ex-militar.
O francês Alexis de Tocqueville tinha um modelo de análise de comportamento simples e inteligente e mostrou a diferença entre o modo de pensar do cidadão norteamericano e francês .A sociedade norteamericana é, ao mesmotempo, agitada e entediante. Agitada porque todos os homens estão em constante busca de mais bem-estar e entediante porque todos são iguais e parecem aspirar as mesma coisas. Em concordância com Roberto da Matta (o Tocqueville brasileiro) o Brasil não tem tradição democrática e, sim, hierárquica onde grupos sociais elevados se movimentam para obter coisas diferentes das pessoas de posição social inferior. Uma sociedade hierárquica se acostumou a perguntar: sabe com quem você está falando? Uma sociedade democrática pergunta: quem você pensa que é?
Tudo bem, queremos o perfil do prefeito de Colatina. Mas, lá em Colatina maioria tem o perfil do prefeito? Qual é o perfil do passofundense? Quem vai dizer o que o povo quer dizer? Qual é a cabeça do passofundense?