A falta de professores para atender, pelo menos, cinco turmas durante o turno da tarde na Escola Estadual de Ensino Médio Alberto Pasqualini surpreendeu a comunidade escolar no primeiro dia de retorno às aulas. O desfalque no quadro de profissionais fez com que a direção escolar precisasse dispensar, na tarde da última terça-feira (18), alunos de duas turmas do terceiro ano, duas turmas do quinto e uma do quarto. De acordo com o diretor do educandário, Elizeu Porto, a instituição também tem enfrentado falta de professores no turno da manhã e, por isso, precisou reduzir o número de períodos lecionados diariamente, que passou de quatro para três em cada turma.
“Ainda estamos aguardando professores de Espanhol, Educação Física, Ensino Religioso e um professor interativo. Como as turmas dos anos iniciais, que estudam à tarde, contam com apenas um professor regente, essa falta ficou mais evidente”, explicou. Em contato com a 7ª Coordenadoria Regional de Educação (7ª CRE), a direção foi informada de que a situação deve ser normalizada até o início da próxima semana.
Os esforços para preencher a lacuna no quadro de educadores da Alberto Pasqualini começaram a surtir efeito ainda na tarde de ontem, quando a 7ª CRE designou três novos profissionais para atuarem nos anos iniciais. A expectativa é de que os outros dois remanescentes comecem a atuar na escola até esta sexta-feira (21). “Passamos a última manhã inteira em reunião com a coordenadoria, estudando como regularizar a situação. A gente espera que os demais professores, para o turno da manhã, sejam remanejados para a nossa escola após o feriado do Carnaval”, prospectou o diretor, que pede a compreensão dos pais que precisaram levar os filhos de volta para casa.
A coordenadora da 7ª CRE, Carine Weber, esclareceu que uma combinação de fatores foi responsável por causar a ausência de educadores para algumas turmas e disciplinas da Alberto Pasqualini, mas salientou que se tratam de situações muito pontuais e que, de modo geral, o início do ano letivo tem se dado de forma bastante tranquila em Passo Fundo. Entre os pontos de complicação, ela cita as mudanças na matriz curricular da rede estadual, implementada neste ano, que propõe ajustes no Novo Ensino Médio e na nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Pelas novas regras, que determinam uma matriz padronizada e única para todo o Estado, exige-se que os professores atuem somente em sua área de nomeação – antes, os educadores podiam lecionar em áreas similares às de sua formação –, causando a necessidade de reposicionar parte dos profissionais. “Além disso, por causa da greve do magistério, alguns professores que aderiram à paralisação ainda estão de férias. Eles estavam repondo os dias perdidos até o início do mês e, como determina a lei, precisam cumprir pelo menos 30 dias de férias entre o término de um período letivo e o começo de outro”, explana.
Em relação a faltas específicas na Alberto Pasqualini – que, segundo Weber, são apenas as relativas às disciplinas de Educação Física e Espanhol –, a intenção é de que professores sejam remanejados ou contratados até o fim desta semana, normalizando os períodos para todas as turmas da instituição, que atende mais de 580 alunos. “Temos sobra de professores em algumas escolas e falta em outras, então precisamos rearranjar para que seja normalizado. A princípio, não temos uma demanda de necessidade muito grande, são faltas muito pontuais. Elas são causadas, por exemplo, pela greve, por questões eventuais de saúde e exoneração e, até mesmo, por recentemente ter acontecido o chamamento do município – alguns professores saíram da rede estadual e foram para a municipal de Passo Fundo. Nessas situações, os diretores precisam fazer a gestão com os professores que estão atuando para que as turmas não fiquem desassistidas. Esses imprevistos não podem comprometer os alunos”.
Turmas lotadas
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Monte Castelo, na Vila Rodrigues, as dificuldades não dizem respeito a recursos humanos e, sim, à estrutura do educandário. Por ter salas de aula muito pequenas, a escola não consegue comportar turmas com mais de 25 alunos. Apesar disso, na primeira semana do ano letivo de 2020, com 250 alunos matriculados, a direção escolar precisou lidar com duas turmas superlotadas. Enquanto em uma sala do sexto ano estão estudando 38 alunos, no nono ano 31 alunos apertam-se em um espaço incapaz de abrigá-los de forma confortável.
No caso do sexto ano, a diretora Janett Tizatto Zibetti conta que o jeito foi improvisar um espaço maior. “A sala de aula dessa turma e a nossa sala de vídeo não são divididas por parede. Elas são divididas por uma porta de madeira. Então nós tivemos que abrir essa porta e tornar um espaço só, desativando por ora a sala de vídeo, para que coubessem mais classes”. A solução definitiva para resolver a lotação, segundo ela, seria receber autorização da Secretaria Estadual de Educação para dividir as turmas. “Queremos formar uma nova turma de nono ano, com 16 alunos, e uma nova turma de sexto ano, com 22 alunos. Nós temos salas e professores suficientes, é só uma questão de formalidade com a Seduc. No caso do nono ano, nós fomos autorizados e nesta quinta-feira já devemos fazer a divisão. Para o sexto ano, ainda estamos aguardando e esperamos que a situação se resolva na próxima semana”, explicou.