Professora é agredida por mãe de estudante

Violência teria acontecido durante uma reunião entre a direção da EMEI André Zaffari e a mãe de um aluno dos anos iniciais

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Uma professora foi agredida a socos e pontapés pela mãe de um estudante dentro da Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) André Zaffari, em Passo Fundo, na manhã dessa terça-feira (10). O episódio de agressão teria acontecido durante uma reunião pedagógica – convocada a fim de resolver problemas apresentados pela criança na rotina de ensino – entre a direção do educandário, a professora em questão e a mãe de um estudante dos anos iniciais. O que era para ser uma conversa pacífica, no entanto, teria culminado no episódio de agressão. “A mulher chegou ali com outro espírito”, relatou o diretor do Sindicato dos Professores Municipais de Passo Fundo (CMP), Eduardo Albuquerque, referindo-se à mãe do estudante.

Ainda de acordo com Albuquerque, durante a reunião, a mãe teria passado a falar de maneira agressiva enquanto se dirigia à educadora. “A professora, naturalmente, respondeu de volta. Disse que não iria ficar mais na reunião, justamente para evitar que a discussão tivesse continuidade. Quando ela disse isso, a mãe puxou a professora, derrubou ela no chão e começou a desferir socos e chutes. A professora está cheia de hematomas. Foi um ato covarde, onde uma educadora foi envolvida gratuitamente, enquanto tentava ajudar uma criança por motivos pedagógicos”, conta.

Embora não estivesse presente na reunião no momento da agressão, enquanto representante sindical, foi o diretor do CMP quem relatou o acontecimento à reportagem de ON em nome do educandário e da vítima. Abalada, a professora preferiu não ceder entrevista e não quis ser identificada. A direção da EMEI André Zaffari também não pôde ser contatada até o fechamento desta edição.

 

Professora foi afastada temporariamente

Após a agressão, a professora passou por um exame de corpo de delito e registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Pronto Atendimento da Polícia Civil. Um inquérito deve ser aberto para investigar o caso. O CMP informou que já colocou seu departamento jurídico à disposição da educadora para auxiliá-la durante o processo. “Como representante legal dessa professora, o sindicato está tomando as devidas providências, apurando os fatos para que possamos então pedir a penalização do agressor e de quem mais possa ter colaborado para isso. Vamos até o fim dessa investigação. É um fato muito grave, a professora não pode sofrer uma agressão dessas sem que nada seja feito”, expôs.

A secretária adjunta da Secretaria Municipal de Educação (SME), Jeanete Basso, garantiu que a pasta também investigará a situação e encaminhará a professora para atendimento psicológico. “Nós já recebemos a professora e a família da criança envolvida para saber o que aconteceu e oferecer apoio psicológico. Agora vamos aguardar os encaminhamentos do processo”, explicou. Por questões de segurança, a SME solicitou o afastamento temporário da educadora durante esta semana. Uma professora substituta deve ser encaminhada à EMEI para atender a turma pela qual a professora vítima de agressão era responsável.

Ainda de acordo com Basso, não está prevista a transferência da professora para outra instituição da rede pública de ensino. “Pedimos que ela ficasse afastada somente durante esta semana. Depois disso, quem decide é ela. Geralmente, pela preservação da professora, a gente faz a transferência, mas a vontade deve partir dela. Se quiser procurar outra escola, com certeza, será atendida. Já a criança continua frequentando normalmente a escola. Ela não tem culpa pelo que aconteceu e não deve ser transferida. Quem deve ser preservada aqui é, justamente, a professora e a criança”, defendeu.

 

Caso não é isolado

O diretor do CMP, Eduardo Albuquerque, se declarou preocupado pela situação de vulnerabilidade que os professores têm enfrentado nos últimos tempos. De acordo com ele, esse não é o único caso recente de agressão a professores dentro da rede pública de ensino. “Recentemente, aconteceu algo muito parecido em outro bairro, mas existe uma prática de querer se esconder esses casos. Não pode ficar assim. É algo muito grave e que reflete parte de um movimento que, hoje, existe dentro da nossa sociedade. Há todo um ambiente não somente político, mas também social, de desrespeito ao professor e desqualificação da atividade docente. Os resultados são esses e não são ações isoladas. As pessoas estão achando que podem vigiar e agredir professores e que é normal tomar ações que competem à Justiça”, lamentou.

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