OPINIÃO

O IE e as letras locais

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O Instituto Educacional de Passo Fundo (IE) completou, em 15 de março de 2020, cem anos de história. E o relato dessa trajetória foi muito bem contado, com reproduções de fotografias e documentos históricos e depoimentos de ex-alunos e ex-professores do famoso educandário azul e branco do Boqueirão, no livro “Instituto Educacional de Passo Fundo – Cem anos de história”. A obra foi publicada pelo selo editorial Acervus, sob a chancela do Instituto Educacional Metodista de Passo Fundo e do Instituto Histórico de Passo Fundo (IHPF), tendo como organizadores os ex-alunos Eduardo Pithan e Tania Rösing (na capa), além de Djiovan Carvalho (na ficha catalográfica), pelo IHPF, e do atual diretor do IE, professor Rubem Nei da Silva (na apresentação e no epílogo).
O livro relata a caminhada do IE desde o início, como Instituto Gymnasial (IG), no modesto pavilhão de madeira nos fundos da Igreja Metodista do centro de Passo Fundo, seguindo a diretriz da congregação para que junto aos templos religiosos funcionasse também uma escola. É narrada a história dos primeiros diretores, do quadro inicial de professores e da construção do majestoso Prédio Texas, inaugurado em 1923. E segue com as demais edificações (o prédio do internato, a casa do diretor, o ginásio de esportes, etc.). Passa pela mudança de nome para Instituto Educacional (IE), em 1943. Enaltece os símbolos da escola (a flâmula, o touro do Texas e os lemas Disciplina Praesidium Civitatis e Mente sã em corpo forte). Descreve as formaturas, os desfiles de 7 de Setembro, a banda marcial da escola, as Olimpíadas Metodistas, os concursos internos (oratória, declamação e desenho do mapa do Brasil), o Grêmios Literário Castro Alves, o grupo de escoteiros e bandeirantes Botucaris e a Festa do Dia das Mães (as mães Ienses). E, após reconhecer a trajetória de sucesso dos seus ex-alunos no mundo empresarial, na política, nas artes, na medicina, na educação, etc., chega aos dias atuais com um apelo à comunidade iense para que colabore com a restauração do Prédio Texas, visando a manter as tradições, os valores e o espírito da instituição.
Eu resumiria o sucesso alcançado pelo IE em poucas palavras: inovação, respeito à pluralidade , ensino de qualidade, e, paralelamente, primar por incutir valores nos alunos. O IE foi inovador, na época, ao adotar o modelo de escola mista para meninos e meninas e no sistema de internato para meninos. Mesmo sendo uma escola confessional (Metodista), perfilam, nas 162 páginas do livro, entre professores e alunos, luteranos, católicos, judeus, outros credos, espíritas, maçons, rotarianos e leões do Laions. Mas, os valores de solidariedade, de respeito à família e à individualidade, de competitividade e do primado da meritocracia, estão na raiz do sucesso alcançado pelos ex-alunos ienses.
Nós da Academia Passo-Fundese de Letras rendemos o nosso tributo de respeito e gratidão ao IE. As nossas raízes, que datam de 7 de abril de 1938, estão fortemente atreladas a essa instituição. O mentor do Grêmio Passo-Fundense de Letras foi Sante Uberto Barbieri, o jovem anarquista que se converteu ao metodismo e viraria bispo da congregação, estudou e trabalhou no IE. A nossa principal distinção honorística leva o nome dele: Comenda Mérito Cultural Sante Uberto Barbieri. Também não são poucos os ex-professores ou ex-alunos do IE que integraram, presidiram ou integram a Academia Passo Fundense de Letras. No passado, nomes como Antonino Xavier e Oliveira, Oscar Kneipp, Armando de Souza Kanters, Odette de Oliveira, Aurélio Amaral, César José dos Santos, José Pedro Pinheiro, Píndaro Annes, Herculano Annes, Odalgiro Gomes Corrêa, Sady Machado da Silva, Severino Ronchi e outros. E no presente, os ex-alunos Osvandré Lech e Hugo Lisbôa e a ex-professora Marilise Lech.
Acima de tudo, reconhecemos a importância, para as letras locais, do trabalho de duas ex-alunas e ex-professoras do IE. Tania Rösing, a eterna Dama das Jornadas Literárias de Passo Fundo, mentora e coordenadora dos eventos entre 1981 e 2015, e Fabiane Verardi, atual coordenadora.
Há muito DNA do IE nas letras locais.

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