Para alguns de nós (e torço, sinceramente, para que você esteja nesse grupo), por enquanto, a ameaça da pandemia da covid-19, que assola o mundo e de resto o Brasil, pela falta de ter vivenciado a terrível experiência de perto, tem soado apenas como nullius in verba. Ou seja, as palavras de autoridades sanitárias, não raro acompanhadas de dados aterrorizantes e depoimentos sofridos daqueles que ora vivem o dia a dia nos hospitais que lidam com focos da doença, não parecem suficientes para nos convencer que o perigo que nos ronda é real e iminente. Então, que nos resta fazer? O bom-senso indica que seguir a orientação das autoridades investidas de poder para nos orientar nesse tipo de caso é o único caminho. Teorias conspiratórias e soluções milagrosas, que vicejam nas redes sociais, não nos tirarão do caos, seja na área econômica ou na saúde pública, que se prenuncia.
E a ciência? Bradam outros! Os cientistas da área médica que estão fazendo? Onde está a vacina? E a nova droga para o tratamento dessa virose, quando estará disponível? O protocolo para o tratamento dessa enfermidade está sendo gestado? A meta-análise integrando estudos independentes já foi publicada? Muitas perguntas e, por enquanto, poucas respostas; eis a nossa realidade nesses 3 de abril de 2020.
A solução para o mal que nos aflige virá, no devido tempo, pela via da ciência. Não há outro caminho a ser perseguido. A ciência alcançou o prestígio, que goza hoje no mundo, pela capacidade de produzir resultados, ainda que, nesse percurso, alguns interesses tenham sido contrariados. E, por ora, o que estamos precisando é de mais resultados científicos e menos opiniões (não raras eivadas de intenções obscuras), para lidarmos melhor com a covid-19.
Os especialistas em infectologia, nesse momento, deveriam merecer mais a nossa atenção do que vídeos compartilhados à exaustão pelas redes sociais. Não raro, meras peças publicitárias, pregando visões ideológicas afastadas da real dimensão do problema ou espalhando fake news para tumultuar ainda mais uma situação que já se apresenta demasiadamente conturbada. Não há razão para darmos ouvidos a discursos vazios sobre coisa nenhuma.
No caso da covid-19, assim como em outros do passado, será a atitude cientifica que levará a bom termo a solução dessa pandemia. Nesse momento, suponho uma vez que não posso afirmar, em diversos locais do mundo, equipes multidisciplinares se debruçam sobre o magno problema. As evidências disponíveis estão sendo manipuladas e os dados analisados, alguns eventos secundários, que obscurecem o problema, suprimidos, muitos novos equipamentos sendo projetados e construídos, modelos teóricos da ação e espalhamento da doença desenhados, drogas sendo testadas, resultados sendo gerados e relatórios elaborados. A solução sairá pela inteligência de alguns indivíduos e, por que não, também pelo aproveitamento da idiotice de outros. E para quando? Eis uma pergunta instigante e cuja resposta não escapa do lugar comum: quem viver verá. Teoria e experimentação nos legarão a solução para a covid-19.
A ciência, entendamos para que expectativas não sejam frustradas, tem os seus limites para responder algumas questões. Alguns desses limites pode ser apenas uma questão de prazo para que a resposta seja legada. Estejamos certos disso, não há limites para a ciência responder questões que a ciência pode responder. E o problema da covid-19, eu acredito nisso, é daqueles afetos aos domínios da ciência, cuja solução é uma mera questão de tempo.
No tocante aos problemas políticos e econômicos, que emergem paralelamente à pandemia da covid-19, não há solução científica. O que está em jogo, nesse tipo de questão, é o interesse público. Não é da comunidade científica das ciências da saúde que virão as respostas e as propostas salvadoras. Numa democracia plural e representativa, compete aos nossos governantes e representantes, legitimamente eleitos, a construção dos caminhos que melhor preservarão os interesses nacionais. E a saúde da população vem em primeiro lugar.
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