Receber uma nova chance de vida. É isso que aguardam os pacientes na fila para o transplante de órgãos. A busca por um órgão muitas vezes é demorada e depende do ato solidário da doação. O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, através da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) e Organização Por Procura de Órgãos (OPO4-RS), realiza campanhas e ações permanentes de incentivo à doação, com objetivo de diminuir a espera dos pacientes que estão na fila. Em 2013, 92 transplantes foram realizados no HSVP, possibilitando um elo de continuidade da vida para estes pacientes. Em 2014, a expectativa é que os números aumentem.
Dos 92 transplantes realizados em 2013, 67 foram de córnea, 14 de fígado e 11 de rim. No primeiro trimestre de 2014, os números já são esperançosos. Até 31 de março, o HSVP realizou 14 transplantes de córnea, cinco de fígado e um de rim. Segundo Dr. Paulo Reichert, cirurgião e coordenador da Equipe de Transplante Hepático do HSVP, em 2014 a perspectiva é que sejam realizados 20 transplantes de fígado, aumentando também os de córnea, ossos e rins.
Para a o transplante acontecer é preciso que haja doação de órgãos. A vontade de ser doador deve ser transmitida aos familiares. Não há nenhum documento que permita a doação de órgãos de uma pessoa, a única forma de doar é comunicar o desejo à família, que poderá autorizar ou não o ato da doação. Conforme Reichert, em 2013 houve um aumento das negativas familiares, o que diminuiu o número de doações. “A divulgação sobre a doação de órgãos é muito importante. Porém, não é a única variável. Sem dúvida os números de doações de órgãos têm relação com a estruturação da saúde dos estados e países, com seus números de leitos em CTI´s, vagas e acessos aos hospitais, além do engajamento dos neurologistas e intensivistas no diagnóstico da morte encefálica”, aponta o especialista.
As filas de espera por um transplante são controladas pelas Centrais de Transplantes, de tal forma que os critérios médicos e a ordem de inscrição são totalmente respeitados. Portanto, segundo o cirurgião, a fila de espera por um órgão não funciona unicamente por ordem de inscrição. Primeiro, o órgão precisa ser compatível com o receptor. Depois é selecionado, daqueles compatíveis, quem tem maior tempo de espera na lista. Para isto, se conta com um programa de computador que faz a distribuição dos órgãos de forma muito bem determinada. “Quando se tem uma divulgação maior na mídia, o número de doações aumenta, por isso é preciso divulgar permanentemente esta campanha”, reforça Reichert.
Rudiberto Coldebella, 69 anos, de Marau, deixou a fila de transplantes no dia 12 de janeiro de 2014, quando realizou o transplante de fígado. Quatro meses após a cirurgia ele conta que está muito bem e feliz por ter recebido essa nova oportunidade de vida. “Nem parece que eu fiz o transplante, está tudo correndo muito bem. Minha qualidade de vida melhorou. Estou tendo a chance de viver mais tempo, o transplante me possibilitou viver mais”, destaca Coldebella, enfatizando a importância do ato da doação. “As pessoas que têm a possibilidade de doar devem realizar o ato da doação. Esse gesto dá continuidade a muitas vidas e é muito importante para quem espera na fila de transplantes, enfrentando as incertezas do futuro”.