Uma iniciativa inédita no Rio Grande do Sul vai estimar, com base científica, o percentual da população gaúcha infectada pela Covid-19 e o ritmo de avanço da pandemia no Rio Grande do Sul. O estudo será desenvolvido a partir de amostragens epidemiológicas sequenciais, e permitirá identificar a prevalência da doença, o contingente de pessoas atingidas pelo novo coronavírus, mas que não apresentam sintomas e projetar incidência de casos mais graves e até o grau de letalidade da doença. Sob a coordenação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) o trabalho da epidemiologia da Covid-19 mobiliza um grupo de especialistas em diversas Instituições de Ensino Superior do RS.
O município de Passo Fundo integra uma das nove cidades que farão parte do estudo. Na sexta-feira (10), pesquisadores e professores da Universidade de Passo Fundo (UPF), Universidade Federal da Fronteira Sul (Uffs) e Faculdade Meridional (Imed) participaram de uma formação, no Centro de Eventos da UPF, para iniciar a primeira rodada de aplicação dos testes por amostragem. A partir de sábado, 500 pessoas serão entrevistadas em Passo Fundo.
O professor da UPF, Dr. Kauê Collares, é um dos responsáveis pelo recrutamento de pesquisadores voluntários para o desenvolvimento do estudo, juntamente com os professores Dr. Jeovany Martínez-Mesa (Imed), Dra. Shana Ginar da Silva (Uffs)
“Nossas equipes estarão nas ruas amanhã e domingo, devidamente identificadas. As pessoas serão convidadas a participar da pesquisa em suas próprias residências. Esse é um momento crucial. Por isso, contamos com a colaboração e o engajamento da população passo-fundense para que aceitem integrar esse estudo que será fundamental para traçar estratégias no combate a Covid-19”, frisa.
A secretária de Saúde, Carla Gonçalves, destaca que é fundamental a colaboração das pessoas sorteadas para participar do estudo, pois os resultados, além de serem conhecidos na hora, serão uma luz para conduzir as estratégias de enfrentamento e prevenção da disseminação da doença.
Também participaram da formação a reitora da UPF Dra. Bernadete Maria Dalmolin e o diretor do campus da Uffs Passo Fundo, Dr. Júlio Stobbe.
Objetivos principais da pesquisa
• Estimar o percentual de pessoas infectadas no RS através de inquéritos epidemiológicos sequenciais
• Conhecer a evolução (velocidade) de propagação do coronavírus
• Identificar o percentual da população que é assintomática (não manifesta sintomas da doença)
• Auxiliar o governo do Estado e demais organismos na definição das estratégias de enfrentamento da pandemia de Covid-19
Iniciativa
Governo do Estado, através do Comitê de Análise de Dados, criado pelo Decreto nº 55.129 (06.03.2020) e coordenado pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) do RS.
Coordenação
Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Instituições parceiras
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs)
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (Ufcspa)
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)
Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc)
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí)
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Universidade Federal do Pampa (Unipampa/Uruguaiana)
Universidade de Caxias do Sul (UCS)
Universidade Federal da Fronteira Sul (Uffs/Passo Fundo)
Universidade de Passo Fundo (UPF)
Faculdade Meridional –Imed Passo Fundo
Apoio
Ministério da Saúde
Parceiros
Unimed Porto Alegre
Instituto Cultural Floresta, de Porto Alegre
Instituto Serrapilheira, do Rio de Janeiro
Empresa responsável pela coleta de dados
Instituto de Pesquisas e Opinião (IPO)
Metodologia
Serão realizados inquéritos transversais repetidos, de base populacional, com amostragem realizada em municípios sentinela, por regiões geográficas do estado, com desenho baseado em recomendações da OMS. Esta seleção de municípios sentinela se justifica pela exiguidade de tempo e disponibilidade limitada de testes. O processo amostral de cada inquérito será independente e realizado em múltiplos estágios.
Cidades onde será aplicada a pesquisa
A partir de critérios do perfil populacional (IBGE), a pesquisa de campo será em nove cidades: Pelotas • Santa Maria • Uruguaiana • Ijuí • Passo Fundo • Caxias do Sul • Santa Cruz do Sul •Porto Alegre e Canoas
Quantos testes serão aplicados
Serão aplicados 18 mil testes, divididos em quatro rodadas a serem implementadas com intervalo de duas semanas, com coletas nas residências escolhidas aleatoriamente por sorteio. A cada etapa, novas pessoas serão diagnosticadas – com aplicação de 500 testes por cidade.
Como será a coleta dos dados
O Instituto de Pesquisa e Opinião (IPO) será a empresa responsável pelo trabalho de coleta de dados. O levantamento será realizado através de visitas domiciliares, em que os participantes serão submetidos a um teste rápido para a Covid-19 e responderão a um questionário de vinte minutos (60 perguntas) sobre sintomas do coronavírus e práticas de isolamento social para prevenção da doença. É importante frisar que as casas que compõem a amostra do estudo são sorteadas aleatoriamente, sem que a equipe de pesquisa tenha qualquer informação prévia sobre se os participantes já apresentaram sintomas ou contraíram a Covid-19.
O teste rápido, de fácil execução, utiliza uma amostra de sangue (uma gota) da ponta do dedo, que será analisada pelo aparelho de testes em aproximadamente 15 minutos. O participante recebe o resultado do teste na hora.
Quem aplica os testes
Vinte e cinco voluntários, entre profissionais e estudantes da área de saúde, serão responsáveis pela realização dos testes rápidos e entrevistas em cada uma das nove cidades que participam do inquérito, sob supervisão do Instituto de Pesquisa e Opinião e da instituição.
O teste é seguro para entrevistadores e participantes.
Todos os voluntários recebem treinamento especializado para uso de EPIs, aplicação dos testes, medidas de higienização e cuidados de segurança à saúde.
Divulgação dos Resultados
Os resultados serão divulgados “em tempo real” por integrantes da coordenação do estudo e do Governo do RS em aproximadamente 48 horas após a finalização de cada rodada do inquérito populacional.
Total de recursos investidos na pesquisa
O custo do trabalho, de R$ 1 milhão, será financiado pelas instituições apoiadoras do projeto: Unimed Porto Alegre, Instituto Cultural Floresta, também da capital, e Instituto Serrapilheira, do Rio de Janeiro.