Ao findar a primeira grande guerra a França contabilizou 1.4 milhão de mortos e 4.2 milhões de feridos; a Grã –Bretanha tivera 960 mil mortos e 2 milhões de feridos. No total a Europa teve 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos. Seguiu-se a grande reconstrução com dinheiro emprestado pelos States, o mesmo que aconteceria após a segunda guerra mundial. Calcula-se que 1 em cada 4 universitários ingleses morreram em combate, o mesmo deve ter acontecido na França. Talvez seja, também por isso que, quando Hitler invadiu Paris os franceses entregaram tudo de mãos beijadas: levem o que quiserem, deixem nossos meninos em paz, estamos cansados da mortandade. Li que Berlim foi reconstruída diligentemente na seguinte prioridade: entre 7 e 17 horas o cara trabalhava para si; entre 17 e 18 trabalhava para reconstruir igrejas, praças...essa segunda parte era opcional ou nem tanto, se comparecesse para o trabalho de prédios ou monumentos públicos ganhava o ticket de pão e leite. Toda a desenvoltura ou desprendimento pessoal, em princípio, não é nata ao ser humano, é ensinada e aprendida a ferro e fogo. Dizem que ninguém é bonzinho por natureza, somos bons ou tentamos ser na necessidade da convivência social.
Estava matutando sobre o caminho que escolherá seguir o cidadão depois dessa guerra universal chamada coronavírus? Que homem brotará? Porque depois de segunda guerra o cidadão europeu, principalmente o cidadão comum alemão desacreditou da ideia de futuro, nem saberia dizer se haveria algum futuro. O negócio era viver o presente, sem contas na poupança, viver a vida em sua plenitude no dia-a-dia. Imobilizados ponderamos sobre automatização de empresas, em trabalhos on-line, em escritórios virtuais, em viver com menos, no aconchego de seus lares? Como estabeleceremos novos vínculos sociais, quais seriam nossas prioridades em lazer?
Coisas a se pensar, enquanto vamos devorando livros e assistido palestras diversas como as de Luis Felipe Pondé, sobre esquerda e direita, por exemplo. Dizem que a filosofia é importante quando há crises e que em estado equilibrado nem se pensa nessas coisas. Chico Anysio dizia que humor só existe em países tristes ou com problemas e que nunca conheceu algum humorista da Holanda, Noruega, etc.
Deixa-nos subitamente em acidente de trânsito o vizinho Clauciano Fachinetto na juventude dos seus 51; pai amoroso, marido exemplar, boa praça, morreu trabalhando. Não se despediu de sua família; talvez tenha sido melhor assim. Lembro do último olhar de meu pai em minha direção; ele sabia que seria o último, eu também, mas eu não queria acreditar nisso. Deve ter sido de um sofrimento muito grande despedir de seu filho mais velho. Não sei que reação teria se tivesse que me despedir de meus filhos, morreria 2 vezes, é provável. Melhor assim, então, sem despedidas e viver como se cada dia fosse o último, como lição dessa pandemia que nos devora, mas que será derrotada. Feliz seja o homem novo, o homem do pós-guerra. Paz e luz Fachinetto.