OPINIÃO

Guedes voltou com esperança

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A entrevista do presidente, após reunião matinal no Palácio do Planalto, na segunda-feira, mostrou que é possível governabilidade. A palavra dos ministros, especialmente Paulo Guedes, aponta para equações viáveis nos programas urgentes de nossa economia. Importante a presença da ministra da agricultura, Tereza Cristina. Em poucas palavras disse algo fundamental: o Brasil está colhendo safra muito boa e não faltará alimento. Guedes, que volta ao cenário político após balançar sua permanência no governo, apresenta rumo otimista dentro das possibilidades reais. Bolsonaro, que andou falando bobagens na semana, parecia equilibrado. O ministro acena com iniciativas razoáveis para o país retomar o desenvolvimento. O presidente, no dia seguinte e sem o ambiente tutelado da entrevista, falou novamente desconectado. Ao ser indagado sobre os números assustadores da propagação do Covid-19, respondeu curto sem bom senso que não faz milagre. O séquito de fanáticos quer a nação acostumada à falta de cordialidade e compaixão de Bolsonaro que ostenta o poder de um grande país, mas tem dificuldade para o bom exercício. Ao devolver a confiança a Guedes, no entanto, mostra que é possível ser razoável. O ministro mantém o respeito à crise mas acredita na esperança, e na viabilidade real, mesmo sem milagre. Fala com respeito à angústia do povo.

Emprego informal

A população recolhida em suas casas, para se defender do coronavírus, inclui a multidão que depende do trabalho informal. Este é de sobrevivência diária e sofre a miséria com efeitos instantâneos. Sem consumo as famílias ficam sem ter o que comer imediatamente, sem as chances de quem detém o emprego formal, também abalado. A janela da redução salarial com ajuda oficial é socorro fundamental. A ajuda governamental aos desempregados nos EUA é vinte vezes maior que no Brasil, mas nosso povo sabe e tem coragem de sobreviver com pouco. Por isso merece muito respeito no auxílio emergencial.

Proteção

A logística de proteção aos médicos, enfermeiros e todo o sistema auxiliar aos pacientes da coronavírus é problema sério. Começa faltar profissionais para atendimento.

Atrapalhação

As manifestações completamente impróprias no relacionamento com o povo chinês têm dificultado o socorro às vítimas da pandemia. Além do núcleo dirigido pelos filhos do presidente, o alucinado ministro Weintraub, da Educação é objeto de investigação determinada pelo STF. A China é fornecedora de equipamentos de saúde. Inexplicável o ataque ridículo promovido pelo ministro da educação que deveria estar preocupado com os alunos do Brasil. Ele disse, em má hora, que a China se beneficia deliberadamente com a pandemia, para dominar o mundo. Economizando faculdades mentais o insólito ministro zombou do povo chinês. Tanto que as diligências determinadas pelo ministro Celso de Melo visam averiguar até ofensa racista.

Freio

A deputada do PSL Joice Hasselmann despejou críticas ferozes contra Bolsonaro. Tem denunciado uma série de desmandos por conta do dito gabinete do ódio. É grande a lista de ilegalidades e possíveis crimes praticados pelo grupo que liderou no Congresso, até chutar o balde. Ela insiste no combate a tais erros, dando a entender que promove o freio de arrumação para aplacar a onda de autocracia.

Ouvir mais

O confronto de procedimentos tem reconhecido a orientação pelo distanciamento físico entre as pessoas na defesa contra a pandemia. O que se vê é consenso entre autoridades mundiais e nacionais que apóiam esta forma da prevenção, o distanciamento e as máscaras. Bolsonaro e seus fanáticos têm contestado, pensando em aliviar a responsabilidade e tratando os casos como “gripezinha”. Convenhamos, não deu pra entender dessa forma. O problema é a atitude do Planalto que pensa mais na dificuldade eleitoral do próximo pleito. É lógico que isso também é problema, mas nunca a prioridade. Então, é preciso ouvir mais do que falar tanta inutilidade. Querer resolver tudo ao mesmo tempo, não dá! A urgência é a doença. Ao contrário teremos o caso do camelo: “Camellus, cornua cupiens, aures perdidit” (o camelo, querendo ter chifres, perdeu as orelhas).

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