Passo Fundo está entre os 5 municípios com a maior taxa de letalidade da região

Relação entre número de infectados e coeficiente populacional infla número em cidades menores

Por
· 3 min de leitura
Divulgação/ON Divulgação/ON
Divulgação/ON
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Na 4ª posição regional das cidades onde o coronavírus é mais letal para os habitantes, Passo Fundo apresenta uma aceleração na curva de contaminação pelo covid-19 com 159 casos confirmados da doença, mas observa a taxa de letalidade inflar mesmo nos municípios menores. 

O cálculo epidemiológico simples relaciona o número de mortes pela infecção viral e o coeficiente de pessoas que foram diagnosticadas com coronavírus em um determinado período de tempo, conforme consta nos relatórios diários emitidos pela 6ª Coordenadoria Regional de Saúde (6ªCRS). O índice, fixado em 7,10% na quinta-feira (30), é considerado um pouco elevado, segundo explicou a infectologista e vice-presidente do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), Cristine Pilati. Ela, no entanto, alerta para as comparações em relação às demais localidades do estado. “Depende muito, também, de quantos testes estão sendo feitos”, afirma. 

A lógica é, portanto, proporcional. Quanto mais a população é testada para a infecção, maiores são os índices de casos confirmados ou descartados em determinada cidade. Isso é observado, aliás, na planilha mais recente do órgão de saúde. Dentre os 62 municípios de abrangência da 6ªCRS, Passo Fundo é a municipalidade com mais habitantes e testes feitos na população. Com 115 sorologias positivas para covid-19 e 11 óbitos em decorrência da contaminação, foram realizadas, até agora, 514 coletas. Isso, segundo os dados apresentados no boletim epidemiológico, representa 0,25% de testes. “O índice de letalidade está alto, mas dentro do esperado”, explicou Cristine ao mencionar que Passo Fundo é um dos polos de saúde do estado, responsável por atender pacientes de outras localidades. 

Luzes de alerta

A circulação comunitária do coronavírus e o baixo percentual de testagem na população acendeu o alerta para a cidade de Serafina Corrêa. O município, com pouco mais de 16 mil habitantes, registra uma incidência alta de infecção a cada 100 mil habitantes. Dos 40 exames realizados nos munícipes, 14 foram positivos para o covid-19 elevando a taxa de letalidade para 7,14%, embora a cidade tenha registrado um óbito em decorrência da contaminação. 

A cidade de Marau, no entanto, embora apresente um índice elevado de casos, 66 e uma morte, apresenta uma taxa de letalidade baixa, de 1,52%, mesmo com uma incidência a cada 100 mil habitantes considerada alta, de 149,46. As duas outras cidades da região de abrangência da 6ª Coordenadoria, que lideram o ranking analisado, são Tio Hugo, com dois casos confirmados de coronavírus e uma morte, com uma taxa de letalidade estimada em 50%, e o município de Tunas, cujo único caso confirmado de covid-19 resultou na morte do paciente, levado a cidade a um índice total. 

Image title

Índices são calculados de acordo com o número de óbitos em relação aos infectados. Foto: Reprodução/6ªCRS


Aceleração na curva

O município de Passo Fundo, que até o início do mês de abril, estava em uma situação quase nula de infecções, na população, pelo novo coronavírus, assistiu a uma escalada na curva de contaminação nas duas últimas semanas. O grande fluxo de profissionais da área da saúde e dos pacientes, anteriormente mencionados, para o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF), Gilberto Barbosa, é um dos fatores que justifica a elevação dos casos. “Os profissionais da saúde são mais testados”, disse. “Estávamos em uma situação epidemiológica confortável e isso foi, sem dúvida, graças à implementação precoce do distanciamento social”, explicou ele. 

A partir da determinação das políticas públicas de saúde adotadas pelo Poder Público, conforme mencionou Barbosa, as unidades hospitalares puderam se preparar, seja em material hospitalar ou até em profissionais, para atender às demandas futuras. “Essas ações foram fundamentais para fazer o enfrentamento da pandemia de forma adequada e não deixar ninguém desassistido”, avaliou o médico. 

Mas, a partir do período de Páscoa, quando houve a flexibilização para a abertura temporária das lojas de chocolate, o professor diz analisar um “relaxamento” de certos grupos da sociedade passos-fundense em relação às medidas recomendas pelos órgãos de saúde e reforçadas nos decretos municipais. Esse período também é considerado pela vice-diretora do HSVP, Cristine Pilati, como um dos fatores para o aumento dos contágios. “Tivemos muitos contatos próximos. Percebemos que havia muitas pessoas na rua, sem máscara, e elas também contribuem para a disseminar o vírus”, afirmou. “As pessoas precisam se cuidar”, reforçou ela. 

Os números altos acrescidos à contagem diária de novos pacientes infectados pelo coronavírus, em Passo Fundo, como explicou Cristine, aparecem porque os hospitais locais têm uma rotina de envio das sorologias ao Lacen, responsável pelas análises laboratoriais. Nem sempre, como justificou, todos os casos que aparecem nos boletins foram registrados naquele mesmo dia porque há um atraso na liberação dos resultados de cerca de 3 dias. Nos feriados e finais de semana, esse período aumenta, sendo alguns números inseridos “em blocos”. 

Gostou? Compartilhe