A Prefeitura de Passo Fundo divulgou nesta terça-feira um estudo sobre o perfil dos óbitos por coronavírus ocorridos na cidade. O levantamento foi feito pelo Município, em conjunto com o Comitê de Orientações Emergenciais (COE), que inclui a Secretaria Municipal de Saúde, hospitais, Faculdades de Medicina, Ministério Público, Conselho Municipal de Saúde e médicos epidemiologistas.
Seguindo orientações do Ministério da Saúde e levando em consideração os cenários social, econômico e de saúde, a Prefeitura agiu no início da pandemia, de forma imediata, publicando decretos para organizar o funcionamento de atividades. Para garantir medidas de proteção por parte da população, tornou obrigatório o uso de máscaras, alertando sempre para a importância do distanciamento social.
Assim que foram notificados os primeiros casos de coronavírus no país, a Prefeitura iniciou o desenvolvimento de ações para combater a epidemia e preparação da estrutura de saúde para atender a população. Houve contratação de profissionais, o Cais Petrópolis foi estruturado e definido como referência em atendimento de pessoas com sintomas gripais, funcionando 24h com o suporte de alunos da UPF, UFFS e Imed. Em parceria com a Universidade de Passo Fundo, desenvolveu o teleatendimento para tirar dúvidas da população sobre o coronavírus e ampliou a testagem. Também reforçou os hospitais com a aquisição de 11 respiradores. Os hospitais estruturaram leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid-19, suspeitos ou confirmados: o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) confirmou mais 20 leitos; o Hospital de Clínicas (HC) disponibilizou mais 13.
Passo Fundo, até o momento, contabiliza 25 óbitos por Covid-19. As informações da Secretaria Municipal de Saúde, Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e Hospital de Clínicas de Passo Fundo (HC) possibilitam uma análise dos 24 casos registrados entre os dias 22 de março e 18 de maio de 2020. O óbito registrado na manhã desta terça-feira não está incluído no estudo.
Dos óbitos ocorridos, doze pessoas, o equivalente a 50%, procuraram atendimento diretamente nos hospitais, o que contribuiu para que chegassem em estado grave. O tempo médio entre o primeiro atendimento até a internação (considerando o total de óbitos) foi de 1,7 dia, variando entre zero e 6 dias. Esses pacientes tinham de 51 a 90 anos, sendo que a idade média era de 75,2 anos. O tempo médio de internação foi 8,5 dias, sendo o mínimo de um dia e o máximo de 26 dias. Todos os pacientes apresentavam um ou mais problemas de saúde que estão descritos como fatores de risco, como hipertensão, diabetes e cardiopatia. Cinco deles eram pacientes com limitação de cuidados invasivos por opção da família.
A letalidade do vírus em Passo Fundo segue o comportamento internacional, nacional e estadual, onde o percentual de óbitos é maior em idosos, em especial com 80 anos ou mais. Em Passo Fundo, não foram observados óbitos de pacientes jovens, sem comorbidades ou profissionais da saúde. No Rio Grande do Sul, ela ocorre a partir dos 20 anos.
O tratamento dos internados em UTI, em ambos os hospitais da cidade, além do suporte de vida relacionado ao controle das complicações pelo COVID-19, tem incluso o uso de hidroxicloroquina, oseltamivir, anticogulantes e macrolídeo (azitromicina ou claritromicina).
Hoje está clara a interiorização da pandemia, com a diminuição do protagonismo das capitais e avanço de casos impulsionados também por surtos em cidades do interior, fato noticiado em 14 de maio, de 30 surtos em frigoríficos e indústrias no RS.
Os trabalhadores da indústria de alimentos podem apresentar maiores vulnerabilidades econômicas e sociais, esse perfil populacional tem maior dificuldade de isolar os doentes das pessoas mais velhas, em função do maior número de pessoas morando em habitações com menos cômodos, o que favorece a transmissão do coronavírus entre pessoas suscetíveis. Além disso, são pessoas com menos acesso a outros direitos fundamentais relacionados à qualidade de saúde, como saneamento básico, água tratada, prática de atividades físicas ou controle prévio de doenças crônicas, fazendo com que a COVID19 tenha maior impacto na mortalidade.
Cabe ressaltar que, em nenhum momento, houve colapso dos leitos hospitalares, os hospitais já internaram 349 pessoas, dessas 113 em UTI. Sendo assim, não se pode ligar o número de mortes a possível deficiência do sistema hospitalar. Os óbitos estão relacionados à condição clínica dos pacientes.
O novo coronavírus tem se demonstrado mundialmente letal para idosos e pessoas com problemas de saúde. Esse fator reforça a necessidade de que famílias e instituições isolem os idosos, não permitindo sua exposição para a possibilidade de contato com o vírus, seja não permitindo o acesso a ambientes onde circulem muitas pessoas ou não permitindo o contato de amigos e familiares no ambiente doméstico, restringindo aos cuidadores.
Resumo em itens:
- Seguindo orientações do Ministério da Saúde, a Prefeitura agiu no início da pandemia, de forma imediata, publicando decretos para organizar o funcionamento de atividades. Para garantir medidas de proteção por parte da população, tornou obrigatório o uso de máscaras, alertando sempre para a importância do distanciamento social.
- Assim que foram notificados os primeiros casos de coronavírus no país, a Prefeitura iniciou o desenvolvimento de ações para combater a epidemia e preparação da estrutura de saúde para atender a população.
- Dos óbitos ocorridos, doze pessoas, o equivalente a 50%, procuraram atendimento diretamente nos hospitais, o que contribuiu para que chegassem em estado grave.
- A idade média das pessoas que vieram a óbito é de 75,2 anos.
- Todos os pacientes apresentavam um ou mais problemas de saúde que estão descritos como fatores de risco, como hipertensão, diabetes e cardiopatia. Cinco deles eram pacientes com limitação de cuidados invasivos por opção da família.
- A letalidade do vírus em Passo Fundo segue o comportamento internacional, nacional e estadual, onde o percentual de óbitos é maior em idosos, em especial com 80 anos ou mais. Em Passo Fundo, não foram observados óbitos de pacientes jovens, sem comorbidades ou profissionais da saúde.
- Não se pode ligar o número de mortes a possível deficiência no sistema hospitalar.
- Os óbitos estão relacionados à condição clínica dos pacientes.