O corpo do arcebispo emérito da Arquidiocese de Passo Fundo, Dom Pedro Ercílio Simon, foi sepultado ontem. Ele faleceu ontem (01), aos 78 anos, no Hospital São Vicente de Paulo, onde lutava contra as complicações do Mal de Parkinson e do Mal de Alzheimer. Devido às restrições impostas pela pandemia do Covid-19, o velório ocorreu na Catedral Metropolitana das 12h até as 16h, seguida da Missa de Exéquias.
Dom Ercílio ficou conhecido como o criador da primeira Romaria Diocesana em honra à Nossa Senhora Aparecida, em 1981. O evento religioso acabou se tornando um dos maiores do Rio Grande do Sul. Somente na última edição, aproximadamente 200 mil fiéis participaram da caminhada da Catedral até o Santuário, percorrendo cerca de sete quilômetros. Durante as comemorações dos 40 anos do Santuário, em 2017, o religioso, em entrevista, comentou sobre a devoção à padroeira do Brasil em Passo Fundo. "Ninguém jamais poderia imaginar que como conseqüência da escolha do nome de Nossa Senhora Aparecida, surgiria o grande movimento em torno dessa devoção. Se alguém tivesse imaginado a afluência de tantas pessoas, certamente teríamos construído o prédio do Seminário pelo menos cem metros mais terreno adentro, para dar lugar a uma praça maior para receber a multidão de pessoas na Romaria. A Romaria tem um cunho devocional para o povo, mas nunca deverá perder o seu cunho vocacional para a juventude. Me parece que os caminhos de Deus sempre passam pelas mãos de Maria”, disse à época.
Como sacerdote
Natural de Ibiaçá, Dom Ercílio nasceu no dia 09 de setembro de 1941 e ingressou no Seminário aos 10 anos de idade, na primeira turma de seminaristas da recém formada Diocese de Passo Fundo.
A ordenação presbiteral aconteceu junto com a do irmão, padre Irineo Simon, no dia 12 de dezembro de 1965. O lema escolhido revelava o seu pensamento a respeito do sacerdócio: “Sacerdote de Deus a serviços dos homens”. Atuou, então, na Diocese de Erexim e, ainda, como Vigário Geral na Diocese de Passo Fundo e, também, como promotor vocacional, coordenador de pastoral e primeiro reitor do Seminário Nossa Senhora Aparecida. Também exerceu o presbitério na Catedral Nossa Senhora Aparecida, nas paróquias São Judas Tadeu, São Cristóvão e Sagrado Coração de Jesus.
Bispo
Mais tarde, em dezembro de 1990, foi ordenado bispo com o lema “Em nome de Jesus” e atuou na Diocese de Cruz Alta, como bispo coadjutor, entre 1991 e 1995. De 1995 a 1998 foi bispo diocesano de Uruguaiana. No dia 17 de novembro de 1998 tomou posse como bispo coadjutor de Passo Fundo e no dia 19 de maio de 1999, substituiu Dom Urbano Allgayer e assumiu como bispo diocesano. Atuou, junto ao Regional Sul 3 da CNBB, como Secretário Geral de 2001 a 2004 e como Bispo Referencial para a Pastoral dos Migrantes.
Com a elevação da Diocese de Passo Fundo à Arquidiocese, Dom Ercílio recebeu, no dia 29 de junho de 2011, do Papa Bento XVI, o distintivo de Arcebispo. Pouco mais de um ano depois, em 16 de setembro de 2012, tornou-se Arcebispo emérito em função dos seus problemas de saúde.
Pensamento
Em 2015, quando completou 50 anos de sacerdócio e 25 anos de bispo, disse, em entrevista ao Jornal Presença Arquidiocesana, sonhar com o futuro que surgia para ele, para a Igreja e para o mundo. “Em meu jubileu de ouro sacerdotal, mais do que olhar para trás no tempo, fico sonhando com os tempos futuros que o Senhor ainda prepara para mim. Sonho com a ‘nova criação’, com os ‘novos céus e novas terras’, como diz Isaías, com o mundo novo que vai surgir, onde Deus será o Senhor absoluto, a alegria eterna, a realizar plenamente meu coração de criatura”, destacou o arcebispo que, em todo o seu ministério batizou milhares de pessoas e somou mais de 100 mil crismas. “Gastei meu tempo de vida, dedicando minhas forças, minha saúde – que era boa, minha capacidade de amar, para que se realize o venha a nós o vosso reino”, ressaltou, na época.
“Um mundo de mais amor e mais fé”
Em seu livro, “Nossos padres, nossos heróis”, Dom Ercílio destacou a importância de olhar para o jovem. “Eu diria para que os jovens não tenham medo de avançar para águas mais profundas na doação a Cristo, à Igreja e aos irmãos”, destacou. “A vida passa de qualquer maneira e é tão bom sentir e saber que se soube usá-la para o bem, para Deus e para os irmãos, dando uma parcela de contribuição para um mundo de mais amor e mais fé”, colocou.