OPINIÃO

A ética ambiental

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O costume é muito porco! Ouvi essa expressão de um estudioso sobre costumes alimentares em algumas regiões do planeta, especialmente no Oriente e Oriente Médio. Essa história de consumir pratos exóticos em desafio ao perigo de contaminação, como a fervura do morcego, reflete uma série de hábitos questionados. Em função das epidemias que grassam nestas regiões, agora globalizadas, há sinal de alerta em todo mundo. Já citamos aqui a preocupação com a higiene dos alimentos em feiras e supermercados da Europa e dissemos que a França emplacou o alerta contra o toque direto em víveres com a expressão “Ne toucher pàs”! Não apalpar, não tocar! Hoje, no Brasil evoluiu o controle dos balcões e prateleiras com carnes e alimentos mais suscetíveis a eventual contágio. O tradicional charque só é oferecido em pacotes condicionados e deixa saudade das mantas generosas de carne expostas no açougue. Ampliando a compreensão de cuidados sanitários chegamos à situação gravíssima da falta de saneamento básico a grande parte da população. Neste sentido continuamos estranhando a conduta ética em relação à política ambiental do ministro Ricardo Salles, que assumiu a atitude de aproveitar o tumulto social e político, para aprovar medidas prejudiciais ao controle ambiental. Isso é grave e sórdido. As queimadas criminosas de nossas matas nativas são perigosas para a preservação do ambiente e da saúde pública. A permissividade do desmatamento escasseia fontes hídricas e a oxigenação do país e do planeta. Além disso, limita temerariamente a atividade extrativista que preserva nosso meio ambiente e alimenta populações que habitam regiões das florestas. Existem excrescências de políticas fundiárias que ofendem a ética ambiental. É preciso preservar florestas sustentáveis.

Saúde no trabalho

Acontece no Brasil a abordagem da dificuldade com a preservação de operários nas indústrias frigoríficas. As estruturas dos abatedouros nos EUA frente ao perigo de contágio pelo Covid-19 geram prejuízo e desemprego. O fechamento de indústrias ocasiona até atos de violência dos inconformados. A logística deste processo de industrialização de carnes é difícil. São necessárias modificações importantes na ocupação dos espaços para evitar os contatos. A pandemia evidenciou problema apontado há mais tempo. As peculiaridades do setor exigem modificações severas. Vivemos este problema em Passo Fundo, com suspensão das atividades do principal frigorífico, apesar das medidas adotadas. Está demonstrado que pressionar o trabalhador para trabalhar pende de mudanças nas condições. É lógico que queremos empregos e fomento à produção. A preservação da saúde dos operários é prioridade. Situação terrível, uma vez que é preciso investimento e modificações nas condições de trabalho. Também em outros setores é urgente a adoção de controles para evitar contágio, dever de todos, coletiva a individualmente, entre empresários e trabalhadores. Cuidado para não aceitarmos a pressão para abrir as portas dos estabelecimentos sem as cautelas de proteção ao empregado e à população. É tudo muito difícil e parece estranho, mas são mudanças irrevogáveis. Todos estamos sofrendo muito, quer pela sobrevivência básica, quer pela preservação do capital empresarial.

Congo

Nos 60 anos de emancipação da República do Congo, a Bélgica, através de seus representantes oficiais, pede desculpas pelos abusos contra seu povo. As humilhações foram muitas. O pedido de desculpas dos que ocuparam e sugaram riquezas da nação africana é atitude mínima, mas imperativa.

Fraudes

Antes da liberação dos recursos federais para auxiliar a população desamparada pela pandemia, alguns comentaristas da mídia sabuja bolsonarista prenunciavam a corrupção. Falavam do golpe dos comunistas intervindo na distribuição de verba. Salvo algum caso, ainda não constatado neste sentido, o que aconteceu foi o crime de pessoas abastadas e ricas. Embora ainda tratados com luvas de pelica, os vilões abastados e supostamente cultos não são nada semelhantes a movimentos políticos socialistas ou comunistas do Brasil. Ao contrário, os crimes de falsidade, roubando o dinheiro público destinado aos pobres, foram praticados nas castas moralistas bem conhecidas. É doloroso esse procedimento marginal de pessoas safadas que pousam como exemplos, mas mancham nossa história social. Da mesma forma, a fraude no Pronaf e seguro do Proagro, escancara a repetição do escândalo do Adubo Papel que assolou o país na década de 70.

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