Uma fatia de 439 hectares da Fazenda da Brigada Militar de Passo Fundo será licitada no próximo dia 27, através de pregão eletrônico. O vencedor do certame poderá explorar a área, considerada agricultável, pelo período de cinco anos, com possibilidade de prorrogar por mais cinco. O lance inicial está fixado em R$ 404 mil. O valor é considerado bem abaixo do praticado no mercado, mas a expectativa é de aumentar em pelo menos 50% durante as ofertas.
Essa não é a primeira vez que parte dos 1.136 mil hectares da Fazenda da Brigada Militar será utilizado para o cultivo de lavoura. Por décadas ela sobreviveu com recursos próprios, obtidos principalmente do plantio de soja. "O dinheiro da lavoura era investido na própria fazenda. Ela era autossustentável", conta o coronel, André Idalmir Savian Giuliani, comandante do CRPO-Planalto, com sede em Passo Fundo.
Os recursos começaram a escassear no início dos anos 90 com a criação de um Fundo Único do Estado, que assumiu o controle das áreas da BM. "O problema é que o investimento deixou de ter retorno, não havia recurso para investir", lembra Giuliani.
No final da gestão do governo José Ivo Sartori, a criação de uma lei destinando à criação de um Fundo para aparelhamento da segurança pública, abriu novas possibilidades. O projeto de uma destinação útil para parte da fazenda vinha sendo elaborado desde o ano passado, com apoio do comando-geral. A intenção é investir os recursos na própria região.
Atualmente, parte da área, aproximadamente 50 hectares, é utilizada pela Embrapa, para fins de pesquisa, através de convênio. Também são desenvolvidas atividades institucionais da BM, incluindo treinamentos e serviços comunitários. No local ainda estão instaladas associações ligadas à corporação, mas não há nenhum tipo de exploração econômica do imóvel.
Mananciais hídricos preservados
Outra região da Fazenda abriga um dos mais importantes mananciais hídricos do estado, incluindo um ponto de captação de água por parte da Corsan, às margens da BR 285. São pelo menos 18 nascentes de água, segundo levantamento, responsáveis por 25 bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul. Para preservar esses recursos, a BM incluiu no edital de licitação um plano de manejo, delimitando áreas de plantio e distâncias das nascentes. A fiscalização será feita pelo Batalhão Ambiental.
Área da antiga pedreira
Quanto a área da antiga pedreira, no bairro São José, a intenção da BM é repassar o controle para a Corsan, com a finalidade de utilizar a água do lago como reservatório para a cidade. "Se a Corsan não tiver interesse, a segunda opção é a exploração turística, mas nossa prioridade é manter o reservatório", ressalta Giuliani.