A região de Passo Fundo manteve a situação de bandeira vermelha na 11ª rodada do plano de distanciamento controlado adotado pelo Governo do Rio Grande do Sul. O município chegou a protocolar um recurso no último fim de semana, solicitando a reconsideração da bandeira preliminar, mas o pedido foi negado pelo Gabinete de Crise do Estado, nessa segunda-feira (20). Assim, a região deve obedecer aos protocolos da bandeira vermelha até, pelo menos, o dia 27 de julho. Durante este período, segue vedado o atendimento presencial em estabelecimentos como o comércio de rua, centros comerciais, restaurantes à la carte, lanchonetes e padarias. A operação de atividades não-essenciais fica restrita aos formatos de tele-entrega, pague e leve e drive-thru.
O agravamento da pandemia havia deixado 18 das 20 regiões gaúchas em vermelho no mapa preliminar divulgado na última sexta-feira (17). Porém, na tarde de ontem, após analisar 59 pedidos de reconsideração, o governador Eduardo Leite anunciou, durante transmissão ao vivo, o aceite de 10 recursos, protocolados pelas regiões de Santa Maria, Uruguaiana, Santo Ângelo, Cruz Alta, Ijuí, Santa Rosa, Erechim, Cachoeira do Sul, Santa Cruz do Sul e Lajeado, que voltaram à cor laranja. Conforme o governador, essas zonas tiveram melhoria ou estabilidade em indicadores importantes, por isso, foram mantidas com risco em nível médio. Já as regiões de Passo Fundo, Taquara, Palmeira das Missões e Caxias do Sul tiveram o recurso indeferido e permanecem sob a bandeira vermelha por mais uma semana, sendo consideradas áreas de alto risco para transmissão do coronavírus, ao lado de Capão da Canoa, Novo Hamburgo, Canoas e Porto Alegre.
Passo Fundo registra aumento nas hospitalizações por coronavírus
Por meio de nota técnica, o Estado apresentou os motivos que levaram a região de Passo Fundo a ser, novamente, classificada com a cor vermelha no mapa de distanciamento controlado. Conforme o documento, a região demonstrou piora em dois indicadores e melhora em outros quatro do total de indicadores considerados nos cálculos das bandeiras. Houve o agravamento, por exemplo, na ocupação de leitos clínicos. Foram 61 registros de hospitalizações por Covid-19 na última semana – um aumento de 24,5% em relação à semana anterior, quando foram registradas 49 internações. Por outro lado, para os internados em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por Síndrome Respiratório Aguda Grave (SRAG) e Covid-19, a situação se manteve quase estável, com a primeira passando de 50 para 51 pacientes e a segunda variando de 40 para 37 internados.
A estabilidade de pacientes em UTI auxiliou na manutenção do número de leitos de UTI livres, igual à semana anterior, com 26 unidades, contribuindo com os indicadores de Capacidade de Atendimento e de Mudança na Capacidade de Atendimento da macrorregião Norte. Quanto aos indicadores de contaminação, Passo Fundo e municípios próximos somaram 430 casos ativos na última semana, frente a 1.104 casos recuperados nos 50 dias antes do início da semana, colocando a região em bandeira laranja nesse indicador – melhora em relação à bandeira vermelha da semana anterior. Aliado a isso, no quesito de projeção de óbitos a região apresentou bandeira preta, uma vez que os 14 óbitos apresentados ao longo da semana, quando projetadas, apontam o valor de 1,79.
Regra 0-0
Depois da análise de recursos, o Estado ficou com 252 municípios sob bandeira vermelha, o que corresponde a 63,6% da população gaúcha (7.199.739 habitantes). Deste total, 120 municípios não tiveram registro de hospitalização e óbito por Covid-19 de morador nos 14 dias anteriores ao levantamento – equivalente a 5,5% da população gaúcha (620.914 habitantes).
As prefeituras dessas cidades se adequam à chamada Regra 0-0 e podem, portanto, adotar protocolos previstos na bandeira laranja por meio de regulamento próprio. Basta que mantenham atualizados os registros nos sistemas oficiais e adotem, por meio de decreto, regulamento próprio, com protocolos para as atividades previstas na bandeira laranja.
Mudança nos protocolos
A 11ª rodada também trouxe duas alterações nos protocolos do Distanciamento Controlado. A primeira delas é a ampliação do teto de operação nas bandeiras vermelha e preta para os setores da Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados, Produção Florestal e Pesca e Agricultura. A segunda diz respeito à inclusão do pague e leve, sob agendamento, na bandeira vermelha para serviços de higiene e hospedagem de animais (como pet shops).
Modelo de distanciamento pode sofrer alterações nos próximos dias
O governador Eduardo Leite deve alterar, nos próximos dias, o atual modelo de distanciamento controlado implementado no Rio Grande do Sul. A informação foi adiantada pelo deputado estadual Mateus Wesp, no último fim de semana, e confirmada pelo governador do Estado na tarde de ontem. De acordo com Leite, uma reunião entre o governo estadual e a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul acontecerá ainda nesta semana a fim de discutir avanços na proposta de gestão compartilhada do modelo. A ideia é dar mais autonomia aos prefeitos para que decidam as regras a serem adotadas no enfrentamento da pandemia.
O governador destacou que o Estado continuará realizando a análise dos indicadores relacionados ao avanço da pandemia em território gaúcho, assim como a definição das bandeiras de distanciamento controlado, que servem como alertas. No entanto, a definição dos protocolos adotados deverá ter participação dos municípios – eles poderão determinar regras mais brandas na região do que aquelas inicialmente previstas para cada bandeira. Leite defende que a cogestão do modelo ampliará o engajamento das regiões na adoção dos protocolos e na fiscalização de cumprimento das medidas. “Essa reunião vai no sentido de reforçar o distanciamento controlado, mantendo a lógica das bandeiras e trabalhando sempre em parceria com os prefeitos e, principalmente, com a população, para que possamos ter medidas efetivas de contenção do avanço do coronavírus, compartilhando responsabilidade e somando esforços para que nós vençamos o coronavírus com o menor impacto econômico possível”, expôs.